Diabetes (2) - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Diabetes (2)
04.08.2005

Em artigo anterior, apresentei testemunho pessoal de envolvimento com o Diabetes, tanto na condição de emocionado espectador dos cuidados que meu pai dispensava para controlar sua doença, quanto na condição de médico, em cujas reminiscências encontra-se o acompanhamento de vários casos da enfermidade. Enfatizei a alta incidência do Diabetes, relembrando que nem todas as pessoas doentes têm ciência do diagnóstico, ou seja, das alterações que lhes afetam o metabolismo da glicose . A principal característica é o aumento da glicemia, porque o pâncreas não produz suficiente insulina ou porque esse hormônio não está sendo, apropriadamente, usado pelas células. Conversando sobre esse artigo com o médico Marcelo Carvalho, eminente Professor aposentado da UFRN, ouvi precioso comentário: “É verdade, a doença é insidiosa e muitas vezes passa despercebida, pois não dói. A dor é o que mais leva uma pessoa à consulta médica”. Não obstante ser palavra bem conhecida, especialmente no vocabulário médico, e somente para reforçar a apreciação do Professor Marcelo, eis o que diz o Dicionário Houaiss: “Insidioso: que arma insídias; que prepara ciladas; enganador, traiçoeiro, pérfido; que parece benigno, mas pode tornar-se grave e perigoso”. Adequar-se-ia essa definição ao tipo do disfarçado inimigo, que não fosse declarado e agisse sorrateiramente. Assim, é bem melhor diagnosticar precocemente e, com isso, prevenir a ação silenciosa e deletéria que pode ocorrer no curso do Diabetes não controlado. Genericamente, prevenir é sempre recomendável, e o que vem depois é sempre pior, quando não se previne. Fica claro, então, que o diagnóstico precoce pode evitar ou minorar complicações. Todavia, o ideal são os procedimentos preventivos para que a doença não se instale. Cabe, pois, a pergunta: é possível prevenir o Diabetes? É evidente que alguns fatores de risco, que são determinantes no surgimento da doença, não podem ser controlados, porquanto independem da vontade de cada um, como, por exemplo, a idade mais avançada e a história de casos da doença na família. Filhos de mães que tiveram diabetes gestacional, também, estão sob risco, bem como essas próprias mulheres, em fases mais tardias de suas vidas. Contudo, é de primordial importância o conhecimento de que o Diabetes tipo II, que tem forte componente hereditário e representa cerca de 90% dos casos, pode ser prevenido ou ter retardado seu aparecimento. Desde o início da década passada, estudos realizados na Suécia e na China apontaram nessa direção. Pesquisas mais recentes comprovaram, definitivamente, que uma alimentação adequada e atividades físicas são altamente benéficas, especialmente, aos indivíduos predispostos à doença. É evidente que esse estilo de vida saudável só vai interferir nos fatores de risco que estão subordinados à força de vontade de cada um, como, por exemplo, o excesso de peso corporal. Assim, dieta e exercício físico, adotados sob orientação médica e de outros profissionais da saúde, com o foco voltado para o controle da obesidade, são essenciais na prevenção ou no adiamento da instalação do Diabetes. Prevenir é, portanto, a palavra chave, seja em relação às complicações através de um diagnóstico precoce, seja em relação ao surgimento da doença, evitando-a mesmo, ou, no mínimo, postergando-a.

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