Volts, ampères e watts - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Volts, ampères e watts
08.05.2008

Conheci o que é viver sem energia elétrica, durante parte do meu tempo de menino. No início da noite, acendiam-se os lampiões de querosene. As pessoas eram felizes e não se queixavam da falta de luz na cidade, pois era tudo natural. Depois, foi instalado um gerador em Nova Cruz, que iluminava as ruas e as casas durante algumas horas. Quando o motor quebrava e vinha outra vez a escuridão, era um sufoco geral, contavam-se os dias para o retorno das tremulantes luzinhas. Nos dias atuais, a falta da energia elétrica, mesmo que seja por poucas horas, traz transtornos enormes na rotina diária das pequenas e, com mais ênfase, das grandes cidades. Nos maiores centros urbanos, uma semana bastaria para se chegar ao colapso total. Não haveria comunicação, faltaria combustível, hospitais e escolas seriam fechados, aeroportos inertes e escassez de alimentos comporiam a imagem do caos. Imagine-se esse cenário em um país inteiro ou, pior ainda, se tivesse escala global e se prolongasse por alguns dias. “Haveria lutas desesperadas por alimento e combustível e, com uma população mundial de seis bilhões, poucos teriam chances de sobreviver”, conclui David Bodanis, em seu livro “Universo Elétrico – a impressionante história da eletricidade”. A eletricidade, quase sempre oculta, está em toda parte, com cargas iguais positivas e negativas. Está no interior de todas as rochas, estrelas e átomos. O corpo humano e o seu mais sensível órgão, o cérebro, operam na condição de circuitos elétricos energizados. Até a memória se mantém pelo arranjo de forças elétricas nas células nervosas, com a liberação do sódio e a ação da radiante eletricidade dos neurotransmissores. Esses e muitos outros aspectos acerca do tema são focalizados no ótimo livro do escritor David Bodanis, ex-professor da Universidade de Oxford. Três pesquisadores tiveram seus nomes tornados imortais e gravados na medição do fluxo da eletricidade: o italiano Alessandro Volta, o francês André-Marie Ampère e o escocês James Watt. Dos seus nomes resultaram as unidades de medida: volts, ampères e watts, que definem os diversos aparelhos elétricos de uso geral. Na década de 1790, Alessandro Volta viu que se pusesse um disco de cobre sobre sua língua, e outro de zinco embaixo dela, fazendo juntar os dois discos, uma sensação de formigamento surgia dentro da boca. O sal e a água da saliva foram importantes no resultado. Volta não correu o risco de morrer eletrocutado porque a energia era de baixa voltagem, ou seja, era pequena a força em volts para empurrar os elétrons na corrente. O ampère define quantos elétrons passam por um dado ponto num fio, a cada segundo. Quando seis quintilhões de elétrons passam em um segundo diz-se que há uma corrente de um ampère. E o watt mede a potência da corrente elétrica. Bodanis conjectura como seria o fim dos tempos, se as próprias forças elétricas – e não apenas a oferta de eletricidade – deixassem de existir. Os oceanos se evaporariam, as cadeias do DNA seriam desfeitas, as placas tectônicas e os solos se romperiam. O autor assim termina essa visão do apocalipse: “Nos momentos finais, algumas criaturas vivas veriam o sol apagar-se, quando sua luz eletricamente transportada se extinguisse e o último dia do mundo se tornasse noite”. Dessa forma, vamos dar vivas à eletricidade, vamos agradecer aos pesquisadores do passado que descobriram os segredos dessa energia, e vamos louvar a Deus que concede ao homem o poder de encontrar na natureza tantas benesses.

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