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Costumo ler as crônicas semanais de Marcelo Coelho, no caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo. Em uma dessas crônicas, o autor relata que assistiu a uma entrevista, há muito anos, na TV Cultura, com o pensador católico e escritor Alceu de Amoroso Lima (1893-1983). Em bom estado físico, ele contava histórias de sua longa vida. Vivia-se o início da fase da redemocratização do país, e perguntaram ao líder católico se ele tinha alguma lembrança em destaque do passado político do Brasil. Alceu de A. Lima disse que guardava vivas lembranças dos tempos primevos da implantação da República no país, com ênfase para a campanha de Rui Barbosa à presidência da República em 1910. E Marcelo Coelho, então, comenta: “Parecia impossível que alguém capaz de vibrar com o movimento civilista de 1910 ainda pudesse ser entrevistado na televisão”.
Admirador do grande brasileiro Rui Barbosa (1849-1923), a leitura do texto na Folha impeliu-me a retirar da estante o livro “A Raiz das Coisas – Rui Barbosa: o Brasil no mundo”, do diplomata, professor e escritor Carlos Henrique Cardim, além de obras do próprio Rui, a exemplo do clássico Oração aos Moços. O livro A Raiz das Coisas começa com a nota que a revista Época, em sua edição de 11 de setembro de 2006, divulgou matéria sobre uma pesquisa de opinião entre personalidades nacionais, para escolher o maior brasileiro da história. O resultado final foi um empate entre Rui Barbosa e Machado de Assis. À redação da revista foi dado o voto de Minerva, o qual fez a opção por Rui Barbosa. Um ilustre participante dessa enquete foi o famoso jurista, escritor, professor, defensor ardoroso dos Direitos Humanos, Dalmo de Abreu Dallari (1931-2022), que justificou o seu voto em Rui Barbosa: “Ele foi o modernizador do Brasil”.
O autor de “A raiz das coisas” dá ênfase a participação de Rui Barbosa na política externa do país, mas também faz incursões no tema da política interna. Quanto à política externa, é claro o destaque para a 2ª Conferência de Paz de Haia, realizada de 15 de junho a 18 de outubro de 1907, na qual Rui Barbosa teve brilhante atuação, a ponto de ganhar o epíteto de o “Águia de Haia”. Rui Barbosa tornou-se o porta-voz não somente do Brasil, mas do conjunto das nações latino-americanas, em oposição ao grupo, formado por países ricos, que, em resumo, queria impor a criação de um Supremo Tribunal Arbitral, sob o enfoque do Poder, em detrimento do enfoque à luz do Direito.
Um dos maiores homens públicos do Brasil, Rui Barbosa foi candidato ao cargo de Presidente do país por duas vezes, sem lograr êxito. Na eleição de 1910, a candidatura de oposição a Hermes da Fonseca ficou conhecida, em sua expressão “lato sensu”, como Campanha Civilista, da qual falou Alceu de Amoroso Lima.
O Brasil precisa cultuar com mais ânimo seus principais heróis, entre os quais avulta-se Rui Barbosa, a fim de manter vivos os exemplos deixados aos pósteros.
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
Texto publicado na Tribuna do Norte, em 09/06/2022
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