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Outubro é o mês em que se celebra o dia da criança, do professor e do médico, sem falar no dia da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, e de São Lucas, patrono da medicina. Sabe-se que as celebrações de datas são, muitas vezes, tão somente simbólicas, mas não há como olvidar a conexão presente entre a vida de uma criança com as profissões de professor e de médico. É na família que começa a educação infantil, mas é na escola onde esse processo se consolida e se constrói, desde os primeiros anos de vida. E para haver o sucesso escolar, é preciso também haver atenção à saúde infantil.
Como se vê, criança, professor e médico mantêm fortes vínculos não apenas nas celebrações próximas de suas datas, mas também nas demandas diárias das profissões, em prol dos pequenos entes que merecem e precisam dos cruciais cuidados, a fim de que possam desenvolver suas potencialidades. Porém, enquanto a classe médica recebe o apoio da sociedade, é vista com respeito e apreço – embora ainda distante do que merece –, os docentes, principalmente da rede básica pública, não são reconhecidos pela relevância do seu trabalho. Refiro-me ao nosso Brasil, onde não há estímulo para que a formação de professor seja uma prioridade. É crônico o problema educacional do Brasil, conquanto tenha havido pequenas melhoras em tempos recentes, a exemplo do novo Fundeb. Países como Finlândia, Coreia do Sul e Singapura são exemplos de como cresceram em face da educação de qualidade, mormente pelo apoio à formação docente, com oferta de remuneração digna, ao lado da cobrança de bom desempenho.
A boa escola começa pelo ensino infantil, de 0 a 6 anos de idade. É na creche onde se planta o sucesso de aprendiz do futuro, e nada é mais fácil de se entender. O americano James Heckman, prêmio Nobel de Economia 2000, é um estudioso e entusiasta da educação infantil. À pergunta sobre a importância desse tema, ele disse: “É uma fase em que o cérebro se desenvolve em velocidade frenética e tem um enorme poder de absorção, como uma esponja maleável”. Mas educação de qualidade não se encerra no infantil, porquanto permeia os outros dois ciclos, o básico e o superior. A ênfase, porém, está no ensino das crianças, alicerce de tudo o que ocorrerá adiante.
Tenho a ventura de ser médico e professor, recebo parabéns no dia 15 e no dia 18 de outubro, tal qual vários diletos amigos meus, competentes e probos em ambos os ofícios. Assim vivencio, a cada ano, a parte festiva das duas profissões. Porém, fico a pensar o quanto poderia ser melhor o índice de qualidade de vida do povo brasileiro, se houvesse maior atenção à saúde e à educação, de forma igualitária, para todas as crianças do país. Mas já começam a surgir exemplos auspiciosos, por esse imenso Brasil. Ah! Quase esqueci: este mês também tem cor, é outubro rosa!
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
Artigo publicado na edição desta quinta-feira (29/10/2020) do jornal Tribuna do Norte
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