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Desde 1971, ao final de cada mês de janeiro, realiza-se em Davos, pequena cidade dos Alpes Suíços, o Fórum Econômico Mundial. O Fórum tem sede em Genebra, também na Suíça, e foi fundado pelo Professor alemão Klaus Martin Schwab. É uma organização sem fins lucrativos, mantida com o apoio de empresas ao redor do mundo, após seleção rigorosa dos seus objetivos e das suas missões. Apesar de certas distorções, esses exponenciais encontros de Davos tentam ajudar na equação de problemas globais, a exemplo da ameaça à paz, da sustentabilidade do planeta e da questão da desigualdade social, que ainda atinge grande parte dos países do mundo. Mesmo com a palavra “Econômico” no nome do evento, trata-se de uma reunião de líderes nas diversas áreas da atividade humana, de várias origens, para discutirem e proporem as melhores propostas para os seus países, mas que atendam ao bem-estar de todos. Foi perante o Fórum Econômico Mundial, em 1992, que o Presidente da África do Sul Frederik Klerk, e o insígne líder negro Nelson Mandela, apertaram as mãos pela primeira vez, e selaram a paz naquele país.
Por que o Fórum Econômico Mundial ocorre em uma cidade tão pequena, de acesso difícil, e no frio dos Alpes? Aventa-se que o criador do Fórum buscou inspiração no romance A Montanha Mágica, para escolher Davos como sede dos mega eventos anuais. Com quase 900 páginas, o livro, lançado em 1924, foi crucial para que o autor Thomas Mann (1875-1955) fosse contemplado com o Prêmio Nobel de Literatura, em 1929. A ficção gira em torno de um hospital para tuberculose, o Sanatório Internacional “Berghof”, localizado nas montanhas ao derredor da cidade Davos-Platz, no cantão dos Grisões, na Suíça. A figura principal do livro é Hans Castorp, um jovem engenheiro de Hamburgo, Alemanha, que resolveu visitar o primo Joachim Ziemssen, interno do Berghof em tratamento de tuberculose pulmonar. A visita, com programa prévio de três semanas, prolongou-se por sete anos, tempo que ocupa quase todo o romance. A leitura da obra não é simples, é longa e deve ser repetida; o próprio Mann, ao falar para estudantes norte-americanos, em Princeton, em 1939, recomendou: “De início, uma exigência bastante arrogante, qual seja: a de que se deve lê-lo duas vezes. O prazer do leitor se aprofunda na segunda vez.”
A obra A Montanha Mágica traz enfoques médicos, filosóficos, religiosos e políticos, com ênfase, em muitas cenas, às reflexões filosóficas e políticas. Os doentes isolados no Sanatório Berghof, provindos de diversos lugares da Terra, à procura de melhores ares para a cura da tísica, numa época antes dos antibióticos, interagem e mostram, uns para os outros, suas visões pessoais da vida e do mundo. Dois desses doentes eram opostos em suas formações culturais e se destacam em suas convicções firmes quanto ao destino da humanidade: Settembrini e Naphta. O primeiro, fica mais próximo do liberalismo, da democracia, enfim, do Iluminismo; o segundo, defende o autoritarismo, a rigidez totalitária, ou seja, parece ser um nostálgico remanescente da Idade Média. Transcorridos quase 100 anos, desde que A Montanha Mágica veio à luz, a paisagem alpina de Davos pouco mudou, ou mudou somente em alguns detalhes. De outro lado, será que mudou e aumentou o afinco do homem por um mundo melhor, mais fraterno e mais feliz?
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
Artigo publicado na edição desta quinta-feira (20/02/2020) do jornal Tribuna do Norte
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