A palavra do ano - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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A palavra do ano

Dois grandes dicionários da língua inglesa, o Collins e o de Oxford, escolhem a palavra do ano, aquela mais usada no contexto atual do mundo.  O dicionário Oxford ainda não fez a sua opção da palavra para 2020, mas os lexicógrafos do Collins já divulgaram “lockdown” como a sua palavra do ano.  Sabe-se que a língua expressa a realidade vivida por pessoa, por região e por país. Em 2020, o mundo viveu em função da pandemia causada pelo vírus Sars-cov-2, e, portanto, nada mais natural de que essa palavra surgisse no ensejo dessa terrível doença que assola toda a terra.  Diz a consultora do Collins, Helen Newstead:  “Escolhemos ‘lockdown’ como a palavra do ano pois resume experiência compartilhada por bilhões de pessoas que tiveram de restringir seu cotidiano para deter o vírus”. 

Em português, a palavra correta para empregar no lugar de “lockdown” é confinamento.  Porém, no Brasil, usou-se e abusou-se da palavra em língua inglesa, à guisa de uma maior força de expressão, ou mesmo como se fosse mais charmosa.  A palavra ainda teve de vencer outras, no contexto da Covid 19, a exemplo de “social distancing” e “self-isolate”, e outras estranhas à virose, tais como BLM - “Black Lives Matter” - e Megxit.   Esta  última refere-se à contração do nome de Meghan, esposa do príncipe Harry, e exit - saída -, o que dá para se pensar o quanto os ingleses valorizam as questões da família real. Em 2019, o Dicionário Oxford escolheu como palavra do ano a expressão “emergência climática”, porquanto o discurso sobre o clima dominou a agenda global. A meta era sensibilizar para a iminência de uma condição de graves danos ambientais do planeta. 

É possível que, ao ser publicada esta crônica, a palavra do ano do Dicionário Oxford já tenha sido definida.  Dou minha opinião quanto à escolha, inclusive no tocante ao Collins.  Concordo com o contexto da pandemia, mas a palavra vacina teria mais significância na vida futura dos seres humanos, até mesmo no que concerne ao tempo de duração da influência benéfica. No começo da pandemia, o isolamento social mais forte ou lockdown tinha presença massiva nas mídias e no dia a dia dos seres humanos, ainda assustados com a Covid 19.  À medida que o tempo passava, a palavra vacina tornava-se cada vez mais dominante e fonte de esperança para todos. Infelizmente, a palavra vacina também despertou desatinos, polêmicas vazias e discussões estéreis, enfim, conflitos sem nenhum bom senso.

Vacina, que surgiu ao acaso em meados do século XVIII, é o maior avanço da medicina no combate e no controle das doenças infecto-contagiosas. E, na atual pandemia, a história deverá se repetir, desta feita com o êxito não só de uma, mas de vários modelos de vacinas, em fase final de testagem. Assim seja. 

Daladier Pessoa Cunha Lima

Reitor do UNI-RN

Artigo publicado na edição desta quinta-feira (26/11/2020) do jornal Tribuna do Norte



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