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Adeus 2009, feliz 2010
31.12.2009
A revista Língua Portuguesa, edição de dezembro/2009, traz uma retrospectiva de termos e expressões que foram destaques durante este ano. Começa com a palavra demissão, o fantasma da perda do emprego, fruto da crise econômica na qual o mundo mergulhou em meados de 2008. A palavra vem do latim “demissio, demissionis”, com o sentido de queda ou interrupção. 2009 iniciou-se com um número enorme de pessoas, ao redor do mundo, sem conseguir se livrar do tormento da demissão. Uma outra palavra – fraude – esteve muito presente na mídia, devido à deplorável conduta da advogada Paula Oliveira, residente na Suíça, de se automutilar para fingir um ataque xenófobo numa estação do metrô de Zurique. A brasileira disse ter sido vítima de agressões de “skinheads”, as quais lhe causaram um aborto. O tema da xenofobia europeia voltou à tona, e as relações diplomáticas entre Brasil e Suíça sofreram arranhões. No entanto, médicos legistas chegaram à conclusão de que a moça de 26 anos mutilara o próprio corpo. Ela recebeu punição por cometer uma fraude – do latim “fraus, fraudis” –, ou seja, por uma ação de iludir, por uma farsa. Lembram-se do espanto que causou a excomunhão – que palavra feia – de uma menina de nove anos, por ato do arcebispo de Olinda e Recife? D. José Cardoso Sobrinho excomungou a menina em virtude de aborto legal, após estupro sofrido do padastro. Infeliz a decisão do prelado, que tornou frequente na imprensa o termo excomunhão, do latim “excommunio, onis”, ou seja, exclusão de uma pessoa de certo grupo. Em junho, uma palavra não saía da mente das pessoas, com ênfase no Brasil e na França: acidente. Avião da Air France, um Airbus A 330, sumira durante voo entre o Rio de Janeiro e Paris. Foram 258 mortes e o acidente entrou no rol dos maiores havidos na aviação mundial. O termo remonta ao latim “accidens, entis”, isto é, o que sucede.
Por volta do meio do ano, os termos gripe e ato secreto tinham presenças certas em qualquer mídia. O primeiro, com os temores próprios de uma doença de fácil transmissão e de alta morbidade. O segundo, também mórbido sob o ponto de vista moral a afetar a imagem do Senado. Em agosto, um factoide desperta a atenção de muita gente: a menina Sasha, filha de Xuxa, virou alvo de pancadas de internautas, ao escrever sena, no lugar de cena. Sensacionalizaram o fato, ou seja, criaram um factoide. De origem grega, o sufixo –oide pode conter teor pejorativo. Assim, factoide, segundo o Aurélio, é fato verdadeiro ou não, divulgado com sensacionalismo. Não é rara a criação de factoides, por inveja ou por outros motivos mesquinhos.
Em setembro, marola e marolinha ganharam os meios de comunicação. O Presidente Lula disse que o tsunami da crise mundial chegaria aqui apenas como uma pequena onda. Recebeu muitas críticas, mas seu otimismo concorreu para que as ondas gigantes virassem marolas no Brasil. Do latim “expulsio, onis”, que equivale a repelir, vem a palavra expulsão. Geisy Arruda, quase linchada por alunos da Uniban ao se exibir com minivestido rosa, teve sua expulsão revogada pela Universidade. Agora, ela tira proveito desse fato meio surreal.
E para 2010, quais serão os termos e expressões de maior realce? Todos sabemos que eleições e copa do mundo estarão na agenda deste ano. Nossos votos para que hexacampeão ganhe a mídia, não somente como um anseio mas como uma condição real. Vamos acreditar que violência e corrupção passem a ser menos cotadas. Que tal mais cotação para fé em Deus, paz e esperança? Também para progresso, ética e amor ao próximo? Em algumas pessoas, o ano que findou deixa saudades; em outras, nem tanto, até mesmo o oposto. Resta-nos dizer: adeus 2009, feliz 2010.
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