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No limiar de um novo ano, o que escrever a fim de expressar uma ideia dessa passagem do tempo? Falar sobre as agruras dos brasileiros no decorrer de 2015, ao lado de novas esperanças para 2016? Ser pessimista ou otimista, acusar ou defender, lamentar ou somente olhar para frente? E quanto aos tumultos do mundo? Sonhar com mudanças capazes de revelar um planeta mais saudável e mais feliz, ou o oposto, ao vislumbrar maior desamor, ódio crescente, egoísmo sem limites, guerras, matanças, violência e fome? Resolvi, então, focar a crônica nestes primeiros dias de um novo ano na figura de Rubem Alves, cuja obra o torna imortal, principalmente pelos seus conceitos sobre o papel da escola e dos educadores.
Creio que esta opção ocorre também por ter entre minhas leituras atuais uma biografia de Rubem Alves, “É uma pena não viver”, do escritor Gonçalo Júnior, editora Planeta, 2015. O autor escreveu a melhor biografia do prêmio Jabuti 2011: Alceu Penna e as garotas do Brasil, editado pela Manole. Do livro biográfico sobre Rubem Alves, pincei uma frase a qual resume sua vida: “Nossa simples missão é semear sonhos e esperanças nos corações humanos”. Bom seria se essa missão fosse adotada no âmbito mais amplo possível, de modo a se tornar uma semente do bem, dístico e escudo contra a temida “banalidade do mal”, na expressão de Hannah Arendt.
Rubem Alves nasceu em 15 de setembro de 1933, na cidade Boa Esperança-MG, e morreu em Campinas-SP, em 19 de julho de 2014. Em 1945, a família mudou-se para o Rio de Janeiro, quando ele sofreu chacota dos colegas da escola pelo intenso sotaque mineiro. Optou pelo caminho da religião, estudou Teologia no Seminário Presbiteriano de Campinas e exerceu as funções de Pastor por vários anos. Casou-se com Lídia, em 1959, com quem teve três filhos. Fez mestrado nos Estados Unidos, deixando mulher e filhos no Brasil, por não ter condições para levá-los. Em 1965, resoluto nas suas ideias inovadoras e com receio do Governo Militar, voltou àquele país, para cursar Doutorado na Universidade de Princeton. Ao retornar, em 1969, sem renda própria, morou na casa dos sogros, e, algum tempo depois, tornou-se professor da Unicamp.
Admiro Rubem Alves, o escritor de muitos livros, o pensador, o filósofo e, sobretudo, o educador. Ele pregava o valor da escola que instiga a criança e o ser humano, ao longo da vida, ao pensamento, à curiosidade, à reflexão crítica, criativa e profunda. Para ele, todo o conhecimento deve ser uma porta aberta à aventura do saber, um saber que não é uma posse, mas que se estende, partilha-se, como um dom que circula entre todos, “sem precisar ser propriedade de ninguém”. Rubem Alves dizia que ser mestre é ensinar a felicidade. Existem muitas frases suas sobre as escolas, mas destaco a seguinte: “Para isso existem as escolas: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As respostas nos permitem andar sobre a terra firme mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido”.
Dá tristeza olhar para o quadro da educação básica do Brasil. Mas o Ideb mostra experiências que dão alegria e esperança. Portanto, há solução, e não precisa ir longe para encontrá-la, pois ela está bem próxima e fala a nossa língua, em ilhas de sucesso dentro do próprio país.
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
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