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Ao assinar o livro de presenças, em 3 de janeiro de 2013, notei ser a primeira visita deste ano ao Museu Histórico Prof. Carlos da Silva Lacaz. Muito bem instalado no 4º andar do bonito prédio principal da Faculdade de Medicina da USP, na Av Dr. Arnaldo, cidade de São Paulo, o Museu é um deleite para quem gosta de perscrutar a história da medicina. Criado em 1977 com o nome de Museu Histórico da Faculdade de Medicina, recebeu a denominação atual em 1993, em honras ao seu fundador. A partir de 2007, entrou em nova fase conceitual com inserção no ensino e na pesquisa de forma mais efetiva, inclusive como fonte de estudos para mestrados e doutorados. Principal centro historiográfico na área médica da A. Latina, conta com o apoio de destacados membros do corpo docente da FMUSP, tendo na direção os historiadores André Mota e Maria Gabriela S.M.C.Marinho.
Senti-me feliz ao adentrar o pórtico do belo prédio principal da Faculdade de Medicina da USP, e rever aquele ambiente acadêmico por mim frequentado tempos atrás, quando fui aluno do Curso de Especialização em Medicina Tropical. Degrau a degrau, subi aos dois primeiros lances da escada, para contemplar a beleza do espaço; como a querer uma volta ao passado e a viver proustiana emoção. Venero a UFRN, minha "alma mater", mas, se tivesse de escolher uma outra "mãe do espírito", ela seria a USP. "Alma mater" é a instituição da formação universitária individual, é a mãe nutriz, claro, refiro-me à nutrição do espírito, da inteligência e do saber. Este vínculo de afeto à Academia de origem ainda não é comum no Brasil, tal qual se vê em outras plagas e culturas. A USP, além de merecer o respeito dos patrícios por figurar entre as melhores universidades do mundo, é a "alma mater" de brasileiros de toda parte, seja na própria graduação, seja nos estudos da pós-graduação.
Fomos recebidos no Museu Histórico Prof. Carlos da Silva Lacaz pela secretária do órgão, Maria das Graças Almeida Alves. Além de muito gentil, revelou competência e, sobretudo, total amor pelo trabalho. Mostrou-nos, a mim e a minha mulher, a exposição " Arte e Medicina: Interfaces de uma Profissão". Para começar, a visão de uma bula papal, datada de 1346, na qual o papa Clemente VI autoriza ajuda financeira a estudantes de Medicina por meio da Igreja de Portugal. Trata-se de peça muito rara, em pergaminho, com 34,2 cm de altura e 56,5cm de largura, manuscrita em latim, com tradução disponível. O selo pendente em chumbo atesta a autenticidade da bula. No verso da medalha está o nome do papa e o seu título – Clemens PP VI – e no anverso estão as efígies de São Pedro e de São Paulo. Logo em seguida, outro impacto: um exemplar, em carne e osso, digo, em papel e códice, da obra mais famosa da anatomia humana – De Humani Corporis Fabrica –, 1543, de André Vesalius. Durante quase duas horas percorremos a belíssima exposição sobre as interfaces da arte e da medicina. Vale a pena repetir as palavras do Prof. Dr. José Ricardo de Carvalho M. Ayres, na apresentação do catálogo da mostra: "Arte e Medicina, conciliadas no humano desejo de transcender a finitude e o perecível". Não dá para descrever, é preciso visitar e se deleitar, não somente com a atual exposição, mas também com a realidade do Museu Histórico Prof. Carlos da Silva Lacaz.
Ao final da visita ao Museu, tive acesso a uma obra notável, em dois volumes, belo trabalho impresso para registrar o primeiro centenário da Faculdade de Medicina da USP. Criada em 1912, iniciou suas atividades no ano seguinte, até se afirmar como o mais avançado centro de ensino médico do país. O aniversário de cem anos da FMUSP está sendo comemorado à altura dos seus grandes méritos, a começar pela Comissão Especial do Centenário, composta por nomes de escol da medicina brasileira, entre os quais estão Adib Jatene, Miguel Srougi e Roberto Kalil Filho.
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