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Marcel Proust nasceu a 10 de julho de 1871, em Paris, e faleceu a 18 de novembro de 1922, na mesma cidade. É filho de Adrien Proust (1834-1903), médico e higienista, que foi professor da Faculdade de Medicina de Paris e assessor do governo da França, na luta contra epidemias, especialmente a da cólera. A mãe de Marcel Proust, Jeanne Weil Proust (1849-1905), tinha origem judaica. Existiu um outro médico na família, Robert, irmão de Marcel, dois anos mais novo. Diferentemente do pai e do irmão, médicos atuantes, Marcel tornou-se um eterno paciente. E uma doença o maltratou pela vida inteira, a asma, cuja primeira grande crise ele sofreu em 1881, aos nove anos de idade.
A obra-prima de Marcel Proust, o romance “Em busca do tempo perdido”, compõe-se de sete partes, abrange de 1840 a 1915, e se compõe de quatro mil páginas. Sobre “Em busca do tempo perdido”, disse o escritor Vladimir Nabokov: “No conjunto, trata-se de uma caça ao tesouro, em que o tesouro é o tempo, e o lugar onde foi escondido, é o passado: esse é o significado implícito do título ‘Em busca do tempo perdido’”.
A sua asma, provavelmente, era de cunho alérgico ao pólen, pois piorava durante as visitas aos parques e jardins, bem assim, na primavera. Gradativamente, tornou-se mais recluso, no intuito de prevenir os ataques de dispneia. Fez consultas com vários médicos, no afã de minorar o tormento com as frequentes crises de asma. Costumava usar fumigações onde morava, o que só fazia agravar suas condições de saúde.
A morte da mãe de M. Proust, em 1905, obrigou-o a residir em apartamento de uma sua tia-avó, no Boulevard Haussmann, em Paris, onde preparou um quarto todo vedado e revestido de cortiça, a fim de se proteger da poeira e do barulho. Tomando muito café e trocando o dia pela noite, foi lá que Proust escreveu a maior parte da sua obra-prima. Conforme diz o escritor Paulo Mendes Campos: “Neste útero obscuro e precário, iluminado artificialmente, Marcel Proust vai buscar e entrançar os inumeráveis fios do tempo perdido.” Mas, de repente, teve que se mudar, o que muito o constrangeu, e passou a morar em prédio na Rue Hamelin. Diz Celeste Albaret, governanta que esteve ao lado de Proust por vários anos: “Sim, a Rue Hamelin foi sua última morada. Ele trabalhou, trabalhou sem descanso, às vezes num frio de geladeira. E ele se matou ali.” A cada dia as doenças de Marcel Proust que lhe causaram a morte, pneumonia e abscesso de pulmão, tornavam-se mais graves. O irmão Robert tentou em vão levá-lo para um hospital. Além de Celeste e do Dr. Robert, com ele estiveram, nos seus derradeiros momentos, o Dr. Bize, seu médico particular, e o Dr. Joseph Babinski (1857-1932), criador do sinal de Babinski, usado por neurologistas em todo o mundo. Às 5 horas da tarde, de 18 de novembro de 1922, Marcel Proust se despediu da vida, na presença do Dr. Robert, querido irmão, e da fiel governanta, “mãe adotada e filha adotiva”, Celeste Albaret.
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
Artigo publicado na edição desta quinta-feira, 28/10/2021, do jornal Tribuna do Norte
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