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Atenção para o cérebro
28.02.2011
Fui direto para as páginas de uma matéria da revista Newsweek – edição 10 e 17 de janeiro passado –, sob o título “A Verdade de Como Aumentar a Performance do seu Cérebro”. Antes do texto, assinado por Sharon Begley, estava escrito: “Você pode construir um cérebro melhor?
Bluberries e palavras cruzadas não farão isso. Mas, à medida que neurocientistas descobrem os mecanismos da inteligência, eles estão identificando o que realmente funciona”. Nas cinco páginas seguintes, encontrei resultados de pesquisas levadas a efeito em grandes universidades americanas, com os nomes dos autores. Conforme essas pesquisas, uma melhor capacidade cognitiva depende de mais neurônios e mais sinapses, em especial na região do hipocampo, local da geração da memória. Ambas, neurogênese e formação de mais sinapses, fazem crescer a capacidade de aprendizagem, da memória, do raciocínio e da criatividade. Uma das conclusões mais importantes quanto à neuroplasticidade – mudanças funcionais e estruturais do cérebro face aos estímulos – diz respeito à atenção, tida como mágica na capacidade de fisicamente alterar o cérebro e em fazer crescer os circuitos funcionais. É por isso que a repetição de tarefas para as quais já somos hábeis não nos torna mais espertos, pois para realizá-las não prestamos muita atenção. O oposto ocorre
ao fazermos algo novo, a prática de uma dança ou de uma língua estrangeira, por exemplo, com decorrente esforço de atenção e fortalecimento de sinapses e de redes funcionais.
Com desculpas para o politicamente correto, pesquisas atestam que a nicotina aumenta a atenção, chave da neuroplasticidade e da performance cognitiva. Mas os cientistas alertam sobre os males causado pela nicotina, inclusive a demência a longo prazo. Há referência a drogas como adderall e ritalin, bem como à cafeína. Essas drogas aumentam os níveis de dopamina no cérebro, o “suco” que produz motivação e sentimento de recompensa. Estudos da psicóloga Martha Farah, da Universidade da Pensilvânia, dizem que essas drogas podem melhorar a memória, mas não agem na fluência verbal, no raciocínio ou nos pensamento abstratos.
Depois de analisar prós e contras do funcionamento do cérebro humano, com citações de vitaminas, flavonoides, dietas, ômega 3 e antioxidantes, além dos fatores negativos do estresse, entre outros, o texto de Sharon Begley, resumo de recentes pesquisas científicas, concluiu que muitos treinamentos cognitivos não são transversais, isto é, melhoram apenas as habilidades estimuladas. Por exemplo: fazer palavras cruzadas faz melhorar somente a habilidade de fazer palavras cruzadas. O treinamento para o cérebro mais recomendado é o que transfere ou generaliza benefícios. A matéria da Newsweek põe em destaque três maneiras de fortalecer o funcionamento cerebral: exercício físico, meditação e, acreditem, certos vídeo-games. Bons resultados em pessoas idosas, no tocante à agilidade mental, foram obtidos com o vídeo-game Space Fortress, porquanto o jogo requer muita atenção, o elixir da neuroplasticidade.
A neurocientista inglesa Susan Greenfield, que já fez conferência em Natal, no IINN-ELS,
à qual estive presente, em seu livro The Private Life of the Brain, discorre sobre a personalização do cérebro e a geração da mente, fruto das experiências vividas desde a fase intrauterina, com a unicidade de cada ser humano. O órgão do pensamento e das emoções, formado por cerca de 100 bilhões de células, ainda é um grande segredo; e a ciência produz constantes trabalhos de pesquisa na busca de decifrá-lo. Seja qual for a novidade, não podemos perder de vista que cada pessoa tem o seu talento especial, conforme esse pensamento de Einstein: “Todo mundo é um gênio. Mas quem julgar um peixe por sua capacidade de subir em árvores passará a vida inteira acreditando que
o peixe é um idiota”.
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