Benditas sejam as equipes de saúde - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Benditas sejam as equipes de saúde

Ao ver os dramas humanos, no decorrer da Covid-19, com ênfase para as cenas mais recentes vistas na cidade de Manaus, ecoam na minha mente e no meu coração as angústias vividas pelos doentes graves e por seus familiares.  Afinal, nas minhas lides de médico, procurei sempre me ver no lugar do próprio doente, a fim de bem exercer a profissão. Quando eu era professor de medicina, em uma aula prática ao redor de um leito,  um aluno cometeu um deslize ético.  Ao final da aula, só com os alunos, fiz a devida orientação, na qual afirmei que o médico deve sempre tratar os seus pacientes como gostaria de ser tratado, ou um dos seus familiares mais queridos.  Muitos anos depois, um jovem médico disse-me que jamais esqueceria aqueles conselhos.

Assim, também ecoam em mim as agruras dos que integram as equipes da linha de frente do atendimento a esses pacientes graves, desde os das mais simples funções aos das mais complexas.  Esses profissionais das equipes de saúde, principalmente os que atuam em hospitais, aprendem a lutar contra a morte e a angústia, dois eventos que, nessa pandemia, estão se tornando banais.  Contudo, é só prestar atenção na face dessas pessoas para sentir os sofrimentos que lhes invadem a alma no dia a dia do trabalho.  Sem contar com o estresse e o medo de se contaminarem com o Sars-CoV-2 e entrarem para o grupo dos que precisam receber as atenções e os cuidados dos colegas de profissão.  Quantos médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, paramédicos, maqueiros, profissionais outros da área da saúde morreram ou ficaram com sequelas graves, na luta para salvar vidas das garras dessa virose, ou para minorar a dor alheia, no estrito cumprimento do dever e movidos pelo sentimento de compaixão e de amor ao próximo.

Lidar com a morte é sempre um tormento para todos os profissionais da área da saúde.  Alguns estudantes dessa área largam o curso, quando não conseguem vencer os primeiros impactos desse encontro.  A Covid 19 veio provar a importância desses profissionais nos serviços públicos e nos privados. Os confrontos políticos e ideológicos levados para a arena das batalhas contra a pandemia têm sido nefastos para o êxito que o povo brasileiro espera e precisa.  Mas não há como negar a emoção de ver a imagem de uma mulher negra, Mônica Calazans, enfermeira que atua na linha de frente no combate à Covid 19, a primeira pessoa a receber a vacina no Brasil. Dessa forma, nada mais correto do que eleger esse grupo como o primeiro a se vacinar.  Desde o século XVIII, com a varíola, o homem aprendeu que a única maneira de controlar as doenças epidêmicas é por meio de vacinas, e, desta feita, também será assim.

Benditas sejam as pessoas que integram as equipes de saúde neste imenso Brasil, pela coragem e pelo amor à profissão, no afã de combater a Covid 19, terrível virose que tantos males tem causado aos seres humanos de todo o planeta.

Daladier Pessoa Cunha Lima

Reitor do UNI-RN

Artigo publicado na edição desta quinta-feira (28/01/2021) do jornal Tribuna do Norte


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