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Brexit

O dia 9 de novembro de 1989 deve sempre ser lembrado com alegria pelos cidadãos do mundo, pois é a data símbolo da queda do Muro de Berlim. O dia 23 de junho de 2016, também deve ser lembrado por todos, mas com tristeza, pois é a data em que o Reino Unido optou por sair da União Europeia, por meio de pequena maioria, mostrada em plebiscito.  Destruiu-se uma ponte que unia, e ergueu-se as bases de um muro para separar. A união da Europa está sob ameaças, um retrocesso na grande jornada em direção à paz e à solidariedade entre os povos. Para refletir, é só olhar a história daquele continente e relembrar quantas guerras existiram na região, causando dor, morte e atrasos às suas gentes. Basta citar a Guerra dos Cem Anos, entre a Inglaterra e a França, de 1337 a 1453, período que marca o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna. 

Na verdade, a União Europeia é um grande avanço civilizatório, no sentido de fortalecer a civilização ocidental. Seu colapso favorece a ascensão oriental, haja vista o veloz crescimento da China. Nada mais horrendo para o mundo do que um conflito entre as civilizações do ocidente e do oriente. O sol nasceu para todos e, reitere-se, é preciso construir pontes, e não barreiras. Em seu livro Civilização – Ocidente x Oriente, o escritor inglês Niall Ferguson, ao falar sobre os perigos que rondam o futuro da civilização ocidental, afirma: “Talvez a verdadeira ameaça seja imposta não pela ascensão da China, do Islã, ou da emissão de carbono, e sim por nossa própria perda de fé na civilização que herdamos de nossos ancestrais”. 

Agora, durante o rescaldo, comenta-se a respeito dos motivos dessa insensata decisão. A votação pelo sim à saída predominou entre os insatisfeitos com o processo de globalização, por se sentirem excluídos, os quais se uniram aos radicais da direita xenófoba. Além disso, desde a adesão – 1973 – do Reino Unido ao bloco que se transformou na União Europeia, formada hoje por 28 países integrados em prol de iguais princípios socioeconômicos e políticos, persiste na Inglaterra um viés de oposição à UE, tornado mais visível nos últimos anos, devido à crise econômica global e às dificuldades perante os milhões de refugiados europeus. Olhando por um lado mais prosaico, penso que o termo Brexit, reunião das palavras Britain e exit, foi um forte propulsor mental a favor do sim à saída, pois, de tão repetido, impregnou a consciência coletiva. 

O forte apelo do termo Brexit a favor do sim já está gerando filhotes, haja vista o Frexit – França e exit –, e o termo Swexit, no tocante à Suécia. Já se propagam as campanhas em diversos países europeus, a favor de suas saídas do bloco da União Europeia. Na França, segundo país mais proeminente da UE, a líder da direita radical Marine Le Pen, que detém 28% das intenções de votos para as eleições presidenciais de 2017, defende e difunde o Frexit. Os anseios nessa direção são amplos e põem a União Europeia em estado de alerta. A Europa deve olhar para o seu passado de guerras, quando as suas três nações mais poderosas – Alemanha, França e Inglaterra –, por meio de ações bélicas e de conquistas, construíram ou tentaram construir impérios. É hora de refletir e vislumbrar o oposto, na crença em um presente e em um futuro de paz, com mais pontes que conduzam a um mundo melhor e mais feliz.

Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN


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