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Este é o título do principal livro do norte-americano Paul de Kruif (1890-1971), no qual aborda as vidas de figuras famosas que se devotaram ao estudo e à pesquisa de agentes causadores de doenças infecciosas nos seres humanos. The Microbe Hunters, lançado em 1926, um clássico da literatura médica, tornou-se best-seller durante muito tempo, chegando a vender, em várias edições, um milhão de exemplares. Tenho um exemplar em português, editora Livraria José Olympio, 1956, comprado num Sebo, no Rio de Janeiro. Agora, na vigência de uma das piores pandemias que o mundo já conheceu, tirei meu exemplar da estante a fim de rever histórias de vidas que desbravaram o mundo dos micróbios e das doenças que eles causam.
O pai de Kruif queria vê-lo médico ou advogado, mas ele preferiu se dedicar ao trabalho em pesquisa. Em 1912, na Universidade de Michigan, recebeu o grau de bacharel em ciências, e, em 1916, obteve o PhD. Exerceu funções de professor de biologia e de pesquisador na Fundação Rockefeller, porém, logo cedo, viu que tinha vocação para a escrita. Um dos segredos da enorme procura do livro The Microbe Hunters é a linguagem usada pelo autor, capaz de desmistificar os perfis biográficos dos 14 ”caçadores de micróbios”, mostrando-os nas condições de seres humanos comuns, com suas virtudes e com seus defeitos, e não de semideuses da ciência. Sobre o alemão Paul Ehrlich (1854-1915), por exemplo, criador da droga contra a sífilis, Kruif revela seu jeito bonachão, grande bebedor de cerveja e que chegava a fumar 25 charutos todo dia.
O livro começa com o holandês Anton Leeuwenhoek (1632-1723), artesão de lentes, o primeiro homem a ver micro-organismos ao examinar em seu rústico microscópio - fruto das suas invenções - uma gota d’água do seu jardim. Além de Leeuwenhoek e de Paul Ehrlich, mais 12 nomes desfilam pelas páginas desta magistral obra, todos credores do eterno dever de gratidão da humanidade. Dentre esses nomes, permitam-me distinguir o alemão Robert Koch (1843-1910) e o alemão/polonês Emil Behring (1854-1917). O primeiro identificou o bacilo causador da tuberculose, doença que fazia altíssimo número de vítimas em todo o mundo. O caçador de micróbios Robert Koch recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina, em 1905.O segundo, Emil Behring, precursor dos estudos de imunologia, descobriu o soro para tratamento da Difteria, que precedeu o uso da vacina para essa doença terrível para as crianças. Behring também recebeu o Nobel de Fisiologia e Medicina, em 1901.
Apresentado pelo médico Morris Fishbein, editor do famoso JAMA, Paul de Kruif tornou-se amigo do já notável escritor Sinclair Lewis (1885-1951). De Kruif revelou que Sinclair o ensinou a trocar a prosa enfadonha dos relatos científicos por um estilo de escrita livre, fluida e atraente. De Kruif escreveu várias outras obras, todas de temas médicos, mas nenhuma se igualou ao sucesso de Microbe Hunters.
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
Artigo publicado na edição desta quinta-feira (11/03/2021) do jornal Tribuna do Norte
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