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No Brasil, para quase 1 milhão de pessoas com forte deficiência visual, existem tão somente cerca de duas centenas de cães-guia, prontos e treinados para prestarem seus serviços às pessoas que precisam dessa fantástica ajuda. A professora Maria Rosa Delmasso, de São Paulo, disse que perdeu a visão duas vezes: a primeira, duas décadas atrás, ao sofrer descolamento de retina; e a segunda, mais recente, quando sua cadela-guia Gabi morreu. Maria Rosa, conforme revela, desta vez sofreu muito mais, porque o amor pelo animal resultou em grande tristeza, ao perdê-lo. É só imaginar o quanto importa para um deficiente visual o fato de poder se movimentar ao ar livre, com certa segurança, nas ruas e nas praças, bem como a quanto pode chegar o afeto pelo animal que garante tal benesse.
Tenho tido a sorte de conviver com cães de estimação, desde o tempo de menino. Aos sete anos, ganhei do meu pai um cãozinho trazido do Recife. Seu nome? Lassie, pois vivia-se a década 1940, época do lançamento do filme no qual uma inteligente cadela tantas emoções causava. Soube depois que a Lassie do filme, de fato, era um cão, e não uma cadela. Portanto, o meu Lassie recebeu um nome correto. Era uma mistura de collie com vira-lata, tamanho médio, pelos meio dourados, olhos claros e uma linda cauda. Para mim, era o cachorro mais bonito do mundo. Lassie, gravado na minha lembrança, tornou ainda mais feliz meu tempo de menino, na casa dos meus pais, em Nova Cruz. Como a expiar a culpa, depois de mais de seis décadas, recordo que por duas vezes tentei açoitá-lo, mas ele não aceitou o meu gesto e reagiu à altura.
Após um período em que estive sem maiores contatos com esses incríveis animais, já casado e com dois filhos pequenos, comprei um pequinês pretinho, chamado Bug. Alertava ao menor sinal de estranhos, que podiam até adentrar a casa a salvo, mas, ao sair, viam-se sob a chance de uma mordida na batata da perna. Era preciso prendê-lo. Foi o mais longevo dos meus cães, morreu aos 18 anos, cego e surdo. Passei um bom tempo voltado para os dálmatas; foram dois machos e duas fêmeas. Um deles negava as qualidades da raça, pois era nervoso e valente. Ah! Não posso esquecer de Beth, uma cadela vira-lata, de cor bege, magrinha, esguia e esperta. Veio de Pirangi do Norte e era filha de Catita, então uma cadela muito popular naquela praia. Aqui, Beth perdeu a condição de ficar solta na rua; morreu virgem e viveu muito. Integrou-se por completo à vida da família, mas há de se perguntar: foi mais feliz do que a mãe?
Hoje, relembro animais de minha estima, que conviveram comigo e com meus entes mais próximos. Nos dias atuais, uma cadelinha salsicha e um lindo cachorro todo preto alegram, fazem barulho e nos saúdam com o balançar das suas caudas. Ademais, habita também a casa um outro cão, que não agita a cauda nem faz barulho, mas é muito famoso. Dizem que ele gostava de fisgar as pernas das pessoas, e por isso se chamou Nipper, do inglês nip (morder, beliscar). Ele está do lado de dentro da tampa de uma "victrola", fabricada em 1904, nos Estados Unidos, que ainda toca discos de 78 rotações, pela força de uma corda acionada por manivela. Nipper está sentado e olha para um gramofone, como a escutar a voz do dono. Ele existiu mesmo, mas essa imagem clássica, comprada pelas empresas Victor e RCA, foi pintada por um inglês, em 1898. Ao abrir a tampa a fim de pôr para tocar a "victrola", vez por outra, vejo o perfil de Nipper e a frase His Master’s Voice – A Voz do Dono – , além do nome da empresa Victor Talking Machine Company.
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