Calçadas e calçadões de Natal - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Calçadas e calçadões de Natal
16.05.2013

Os fatores que compõem o índice de qualidade de vida de um país, de uma região, ou de uma cidade vão desde as condições de saúde, de educação, de moradia e de segurança dos cidadãos, até o bem-estar – ou mal-estar – com relação ao lazer, ao trânsito, à poluição e à mobilidade urbana, entre vários outros itens. A maior ou a menor facilidade que uma pessoa tem de se deslocar de um lugar para outro, dentro da sua cidade, está se tornando uma das principais causas a influir na qualidade de vida. Em Natal, a cada dia, piora a situação para aqueles que precisam ir para o trabalho, para a escola, ou para qualquer atividade que as circunstâncias da vida impõem. Quão bom seria se as ruas tivessem menos carros e menos poluição, um trânsito tranquilo, com um transporte coletivo seguro e eficaz. Para completar esse quadro utópico, quão bom também seria se as calçadas fossem largas, livres, contínuas, capazes de receber um grande número de pedestres, os quais iriam a pé para os seus destinos, ou somente curtiriam o caminhar, em busca de lazer e de saúde.

Porém, o caos já se desenha nas ruas e calçadas desta terra dos Reis Magos, sem que se note uma ação mais confiável do Poder Público, o qual também se vê às voltas com tantos outros enormes problemas a resolver. Para deixar de lado o pessimismo, relembro recente matéria desta Tribuna do Norte, assinada por Valdir Julião, em que a Prefeitura de Natal promete dar o primeiro passo para melhorar a mobilidade dos pedestres, os quais poderão dar muitos passos sobre calçadas que serão padronizadas, dentro de normas técnicas próprias. Para começar, serão somente 155 quilômetros de passeio, mas já é uma promessa de que o natalense irá dispor de boas condições para se mover sem precisar de outros meios senão os seus próprios pés. Se prestarmos atenção, as calçadas das ruas de Natal, no geral, são feias, desiguais, estreitas, cheias de buracos ou de raízes que levantam o piso, além de muitos outros obstáculos ao ir e vir das pessoas. Não são raros os tropeços e as quedas, muitas vezes com danos sérios à saúde das vítimas. Dá para imaginar o quanto essas barreiras se tornam muito mais danosas quando pensamos nos idosos, gestantes ou alguém com dificuldade de locomoção. Portanto, é muito bem-vindo o projeto da Prefeitura de Natal, que visa dar mais liberdade ao pedestre no seu direito de usar pernas e pés, ou sua cadeira de rodas, com conforto e segurança, para chegar aonde quer.

A calçada é a área fronteira dos prédios, por onde as pessoas passam para chegar às suas casas, ou seja, pode-se até pensar como sendo uma extensão do lar. É ainda traço de união com os vizinhos, com os quais se partilham respeito e boa vontade, bem assim com os que por ali transitam. Dessa forma, é válida a tese de que a calçada também precisa dos cuidados dos donos do imóvel lindeiro. Os passeios públicos ou calçadões são áreas mais amplas quase sempre destinadas ao lazer, em muitas das quais se usam pisos com detalhes de bom gosto e até artísticos. No Brasil, o mais famoso é o calçadão da praia de Copacabana, com suas ondas feitas de pedras pretas e brancas, uma obra magistral de Roberto Burle Marx.

Assim, bendito seja o projeto da Prefeitura, pois as calçadas de Natal estão uma lástima. Como se não bastasse, em dias recentes, a Cosern fincou monstruosos postes de redes de alta tensão, ao longo das já estreitas calçadas da Av. Amintas Barros – L. Nova –, real afronta aos pedestres e à beleza urbana, e ninguém disse nada. Quanto aos passeios públicos, salvam-se os calçadões da Costeira, o da Praia do Meio-Forte – embora franzinos – e o da Roberto Freire. O calçadão de Ponta Negra está quase a merecer um réquiem; porém, damos graças pelo bem cuidado passeio do Bosque dos Namorados, uma dádiva que o povo e a natureza agradecem.


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