Cartas Brasileiras - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Cartas Brasileiras

Lançado em dezembro de 2017, o livro com o título acima oferece uma leitura que diverte e instrui. O autor, Sérgio Rodrigues, fez uma seleção de 80 missivas vinculadas à sociedade brasileira, em suas diversas áreas, desde as de cunho histórico, tal qual a de Pero Vaz de Caminha, até a de Ellis Regina ao filho João, escrita poucos dias antes do primeiro aniversário do menino, primogênito da famosa artista. Para quem gosta da leitura epistolar – eu sou um deles –, esta obra é um deleite. Sérgio Rodrigues, colunista da Folha, escritor de vários livros, entre os quais a obra Viva a Língua Brasileira – best-seller por longo tempo –, assim se expressa, na apresentação: “Cartas Brasileiras é uma seleção eclética de missivas brasileiras incríveis que se destacam como cápsulas do tempo. Escritores consagrados e amadores anônimos, grandes personagens históricos e artistas populares, homens e mulheres de épocas e profissões diversas nos contam como era o mundo visto de sua janela. Como era estar vivo e ... escrevendo uma carta”. 

Uma das cartas que me chamou a atenção foi a escrita por Charles Darwin ao seu pai, o médico Robert Darwin, durante sua viagem de quase cinco anos, a bordo do navio Beagle. Com apenas 23 anos, essa viagem proporcionou a Darwin os estudos e as pesquisas científicas que o levaram a formular a teoria da seleção natural e da origem das espécies. E o que tem Charles Darwin e sua viagem no navio Beagle com o Brasil?  Nosso país esteve na rota do Beagle, que partiu do porto de Plymouth, na Inglaterra, no dia 27 de dezembro de 1831, e chegou à Bahia em 28 de fevereiro do ano seguinte. Era um veleiro pequeno, com 27 metros de comprimento e de 235 toneladas, todo montado com instrumentos de pesquisa disponíveis à época, à disposição de uma equipe de naturalistas, sob a liderança do jovem Charles Darwin. 

No livro “Darwin a bordo do Beagle” – 2003 –, de Richard Keines, bisneto de Charles, escrito com base no “diário de bordo” deixado pelo autor de A Origem das Espécies, consta que o veleiro, antes de chegar à Bahia, aproximou-se do Arquipélago São Pedro e São Paulo. Um pequeno grupo caminhou sobre as rochas, inclusive Darwin, o qual fez coleta de material para pesquisa. Houve também matança de pássaros que povoam a ilha, no intuito de suprir as panelas do veleiro. A próxima visita foi à ilha de Fernando de Noronha. Afora a beleza do lugar, Charles Darwin disse, a essa altura, que “não tinha ainda visto a plena grandeza dos trópicos”. Poucos dias depois, o Beagle ancorou em Salvador, na Bahia. Vale a pena a citação de um episódio dessa viagem do Beagle, ocorrida durante a permanência do veleiro na Bahia. No seu diário de bordo, Charles Darwin escreveu que, ao chegar ao Brasil, na cidade de Salvador, ficou chocado com as práticas cruéis dos senhores de escravos em relação aos cativos vindos da África. Ao mesmo tempo, revoltou-se com o apoio declarado do capitão do navio, FitzRoy, ao modo como os negros eram tratados nas terras do Brasil. Houve sério atrito entre FitzRoy e Darwin, ao ponto de o pesquisador, provindo de uma família antiescravista da Inglaterra, pensar em não prosseguir com a viagem. Um pedido de desculpas, por parte de FitzRoy, evitou um atraso na conclusão da teoria da evolução das espécies, e da publicação do livro A Origem das Espécies, em 1859.

Daladier Pessoa Cunha Lima

Reitor do UNI-RN

 



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