Central de Relacionamento - (84) 3215-2917
WhatsApp - (84) 3215-2917
Em texto publicado há duas semanas, neste jornal, abordei o tema que diz respeito às Cátedras Acadêmicas, com ênfase à Cátedra Lucasiana, localizada na Universidade de Cambridge – Reino Unido, voltada para o estudo da Matemática. Hoje, abordo a Cátedra Josué de Castro, localizada na USP, voltada para o estudo da Fome. Quem é o patrono dessa Cátedra? Josué Apolônio de Castro, mais conhecido por Josué de Castro, nasceu no Recife, em 1908 e faleceu em Paris, em 1973. Formou-se médico, em 1929, pela Faculdade Nacional de Medicina do Brasil, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, voltou para morar no Recife, quando encontrou a cidade em agitação política, em consequência da Revolução de 1930. Professor de Fisiologia da Faculdade de Medicina do Recife, dedicou-se aos estudos nutricionais, chegando à conclusão de que a fome na região decorria de fatores sociais, vindos desde o tempo colonial e ainda existentes nos períodos imperial e republicano. Em 1935, transferiu-se para o Rio de Janeiro, e logo passou a lecionar Antropologia na Universidade do Distrito Federal, quando publicou o livro Alimentação e Raça.
A Cátedra Josué de Castro, criada em 2021, sediada na Faculdade de Saúde Pública da USP, na Av. Dr. Arnaldo, Pinheiros, na cidade de São Paulo, tem como objetivo ampliar o conhecimento, de forma multidisciplinar, sobre sistemas alimentares, a partir das perspectivas do cidadão, da saúde e do meio ambiente, a fim de construir, no Brasil, sistemas alimentares sustentáveis. “Trata-se de um espaço aberto e participativo, que reúne e permite o encontro de diversos atores e saberes, na busca dos seus objetivos de tornar-se um polo de incremento de sistemas alimentares mais sustentáveis e saudáveis.”
Josué de Castro escreveu diversos livros, todos sobre a temática da fome. A sua principal obra chama-se Geografia da Fome (1946), no qual afirma que a fome não é um problema natural, ou seja, não existe por processos da natureza, e sim, é resultado de ações humanas, das condições econômicas e sociais prevalentes em seus países e regiões. A sua vasta obra está publicada em mais de 20 países. Em 1964, aos 56 anos de idade, quando era o embaixador do Brasil junto aos órgãos das Nações Unidas, em Genebra, Josué de Castro teve seus direitos políticos cassados. Para o exílio, escolheu morar na França, onde foi professor da Universidade de Paris. Morreu no exílio, triste e com saudade da sua terra e do seu povo. Recebeu diversos prêmios e títulos de entidades nacionais e internacionais. Em 2003, a Universidade Federal do Rio de Janeiro concedeu-lhe o título in memorian de Doutor Honoris Causa.
Em 2004, a FARN/UNI-RN - Centro Universitário do RN sediou uma excelente exposição sobre a vida e a obra de Josué de Castro, em parceria com o Centro Cultural do Banco do Brasil.
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
Texto publicado na Tribuna do Norte, em 27/07/202
Aumentar fonte ("CTRL" + " + ") ou ("COMMAND" + " + ")
Diminuir fonte ("CTRL" + " - ") ou ("COMMAND" + " - ")