Chatô, o rei do Brasil - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Chatô, o rei do Brasil

Por que um menino nascido no Nordeste do Brasil teve o sobrenome Chateaubriand? Sabe-se que Francisco José Bandeira de Melo, morador da cidade de Umbuzeiro, na Paraíba, admirador do poeta François – René de Chateaubriand, homenageou o escritor francês ao dar o nome de Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo ao seu filho nascido em 4 de outubro de 1892. Aquele garoto das brenhas do sertão viria a ser uma das figuras mais influentes do Brasil, na segunda metade do século XX. Esse homem excêntrico, polêmico, controverso, agitou por décadas o meio político, empresarial e, com ênfase, o setor das comunicações do país. Se chegou a despertar ódio em muitos, também foi alvo de afeições e de aplausos. Se era querido de verdade não se tem total certeza, mas que era temido, principalmente por poderosos figurões, bem, disto não resta a menor dúvida.

Dono do maior reduto de mídia do país, os Diários Associados, com 34 jornais, 36 emissoras de rádio e 18 de televisão, além da maior revista da América Latina – O Cruzeiro –, não tinha limites quando queria usar esse arsenal para obter alguma vantagem ou algum apoio a uma das suas ideias ou causas. Ressalte-se, porém, que certas causas eram plenas de méritos, como as campanhas para instalar centros de amparo à saúde infantil, para criar escolas de aviação no país – Deem asas ao Brasil –, e para comprar obras de arte de artistas famosos da Europa, a fim de suprir o nascente Museu de Arte de São Paulo.

O livro Chatô o Rei do Brasil, do jornalista Fernando Morais, é uma das melhores biografias brasileiras, fonte de valiosos dados da história política do país, uma obra que revela, na prática, as formas diversas da busca pelo poder. Li esse livro alguns anos atrás, e, agora, reli alguns trechos, a fim de relembrar a saga de Assis Chateaubriand para erigir no Brasil uma galeria de arte que fosse tão boa quanto as melhores do planeta. Nas páginas do livro, encontram-se os bastidores dessa luta vitoriosa. Graças às "doidices" do ousado paraibano, o Brasil pode hoje se orgulhar de ter uma das boas galerias de arte do mundo, o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand.

Em 1934, desquitou-se da esposa, Maria Henriqueta, com quem teve três filhos. De uma nova união – com a jovem Corita – nasceu mais uma filha. Conta-se que era mulherengo, sem rigor na seleção. Faleceu em 4 de abril de 1968, e o velório ocorreu no salão principal do prédio sede dos Diários Associados, em São Paulo. Pietro Maria Bardi, seu amigo e co-fundador do MASP, exibiu três telas na parede contra a qual estava a cabeceira do caixão: "A Banhista e o cão Grifon", um nu feminino de Renoir, tendo de um lado uma obra de Ticiano, "Retrato do Cardeal Cristoforo Madruzzo", organizador do Concílio de Trento, e do outro lado uma obra de Goya, "Retrato de Don Juan Antonio Llorente", membro da Inquisição espanhola. Em pronta resposta a um assessor de Chateaubriand que reclamou da presença das telas, Bardi declarou: "Mas dottore, esta é a minha última homenagem a Assis Chateaubriand, vero? Nesta parede estão as três coisas que ele mais amou na vida: o poder, a arte e mulher pelada". 


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