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Cinqüentenário da UFRN
03.07.2008
No âmbito mundial, a tradição de uma universidade se mede por séculos de vida. É assim com Oxford, com Harvard, com Bolonha e com tantas outras famosas instituições de ensino e pesquisa. No entanto, a universidade brasileira é muito jovem, ainda não completou cem anos. Mas isso não a diminui, pelo contrário, aumenta-lhe os méritos. É o caso do grande e eficaz sistema federal de educação superior, no qual se encontra a UFRN. Nos seus cinqüenta anos, a UFRN se constitui em justo orgulho dos norte-rio-grandenses, prova maior da inteligência, da criatividade e da decisão de crescer do povo desta terra.
No dia 25 de junho passado, no auditório da Reitoria, ocorreu a Assembléia Universitária, instante maior das celebrações do cinqüentenário da UFRN. Foram homenageados todos os que exerceram os cargos de Reitor e Vice-Reitor, além daqueles vistos como precursores: Januário Cicco, Onofre Lopes, Dinarte Mariz e Câmara Cascudo. Festa memorável, momento raro que reuniu o passado e o presente, capaz de mostrar que o tempo tornou mais forte o valor das ações pioneiras. Foi emocionante constatar o encontro de gerações unidas pelos vínculos afetivos com a UFRN. Bela e completa sessão solene, com o encanto da música do Quarteto de Cordas e do Grupo Erudito, além de documentário que revelou o quanto a Instituição já cresceu, o quanto os seus propósitos estão cercados de êxitos e o quanto de promissor será o seu futuro.
Três discursos foram ouvidos, plenos em conteúdo, em estilo e em elegância, dignos dos maiores aplausos. O Professor Paulo de Tarso Correia de Melo fez a saudação aos homenageados; o ex-Reitor Diógenes da Cunha Lima agradeceu em nome de todos; e o Reitor José Ivonildo do Rego, ao encerrar, proferiu a oração institucional da noite. Interessante é que os três citaram o erudito discurso de Câmara Cascudo, sob o título Universidade e Civilização, que marcou a instalação oficial da Universidade do Rio Grande do Norte – depois UFRN -, ocorrida em 21 de março de 1959. Paulo de Tarso chamou de Certidão de Nascimento da UFRN a extraordinária peça oratória de Câmara Cascudo. Diógenes da Cunha Lima disse que o discurso do Mestre Cascudo é para a Universidade o que a carta de Pero Vaz de Caminha é para a história do Brasil. Agora, acrescento mais uma visão para essa aula de sapiência, vendo-a como o batismo de nossa Alma Mater, para fixá-la na terra e inseri-la na universalidade do saber. Veja-se esse trecho de Universidade e Civilização: “Água para o Mar universal guardando a fidelidade das pequeninas fontes iniciais e distantes. Abelha com liberdade de escolha do material florido mas o mel com o sabor genuinamente brasileiro. Homens do mundo, mas espíritos memorizados por um território. Raiz imóvel e fronte projetada no espaço”.
Falo não somente por mim, porquanto deu para se perceber que todos os homenageados estavam felizes pelo reconhecimento dos méritos e pelo reencontro com a Universidade que está dentro da alma de cada um. Merece parabéns a equipe dirigente da UFRN, pois são claros os êxitos da atual gestão. Parabéns especiais para o Reitor Ivonildo Rego, que vai completar três mandatos no cargo, ou seja, 12 anos, sempre escolhido de forma democrática. Com tanto tempo, não duvido que alguém venha a pensar que a palavra reitor já faz parte do seu nome... Fico a imaginar como será a UFRN ao completar o primeiro centenário e como serão as celebrações. Com certeza, as idéias e palavras de Câmara Cascudo constantes em Universidade e Civilização voltarão ao palco, porque são eternas como são as grandes obras, a exemplo da própria UFRN.
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