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Alguns historiadores da medicina apontam o médico francês Philippe Pinel (1745-1826) como o Pai da Psiquiatria moderna. Essa vertente vê no Iluminismo os ideais que transformaram o tratamento da doença mental, a exemplo da libertação dos pacientes, até então acorrentados em prisões imundas como se fossem feras selvagens. Pinel, homem culto, versado em filosofia, tinha a visão da doença mental como fenômeno natural e recomendava tratamento mais humano, contrário à terrível prisão, bem assim à purga e à sangria. Às ideias de Pinel, juntaram-se os médicos Johann Pestalozi, na Suíça, William Tuke, na Inglaterra e Benjamin Rush, nos Estados Unidos. Também merece citação, na França, o médico Jean-Etienne-Dominique Esquirol (1772-1840).
A depressão é uma das mais frequentes enfermidades mentais. Entre os países com maiores taxas de depressão, o Brasil está em quinto lugar. A pessoa com a doença tem comprometida suas relações sociais, sua capacidade de trabalho e sua produtividade. Todos os anos, em torno de 12 mil brasileiros morrem por suicídio. Acontece que quase 90% dessas mortes poderiam ser evitadas, mediante o controle correto dos transtornos depressivos.
Sabe-se que a Pandemia da Covid19 agravou a prevalência das doenças mentais, especialmente da depressão. No mundo, apesar da pandemia, o número médio de suicídio caiu 30%, no período dos últimos 20 anos. Há poucos dias, li um relato do médico Humberto Corrêa, Professor Titular de Psiquiatria da UFMG, sobre dois de seus pacientes. Pessoas religiosas, ambos assim reagiram ao rigor do tratamento: “Doutor, sei que, se eu me matar, vou para o inferno. Mas minha vida aqui é pior do que o inferno”. E o Doutor Humberto chegou à conclusão: “A frase é reveladora da premência em conceituar a depressão como uma emergência médica. Uma questão de saúde pública agravada pela pandemia do coronavírus. A depressão é uma doença como qualquer outra e o suicídio, seu desfecho mais trágico, resulta, na maioria dos casos, da precariedade no manejo do distúrbio.” O diagnóstico no tempo certo e o tratamento correto garantem aos pacientes uma vida absolutamente normal.
Na década de 1980, participei de um curso de especialização em Gestão Universitária, sob a organização da Universidade de Quebec, em parceria com o CRUB. Para o estágio internacional, fui designado para fazer na Universidade da Pensilvânia, uma das melhores do mundo, na Filadélfia, cidade histórica e que preza pelos seus Sítios naturais. Uma recente pesquisa médica realizada nessa Universidade, na qual foram comparadas a recuperação de alguns pacientes que ficaram em uma sala com vistas para uma floresta, e outros, em sala com janelas para uma parede de tijolos. Foi verificado que os pacientes com visão para a floresta tinham melhor recuperação, com o uso muito menor de medicamentos. Outra pesquisa da Universidade Stanford revelou que as árvores têm efeitos sobre o nosso cérebro, inclusive em regiões associadas à depressão. Em outras palavras: O contato com a natureza é um antidepressivo.
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
Texto publicado na Tribuna do Norte, em 10/08/2023
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