Dhalias e Horto - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Dhalias e Horto

O dia 12 de setembro de 2021 marcou os 145 anos do nascimento, em Macaíba-RN, de Auta de Souza, que viveu apenas 24 anos, pois faleceu a 7 de fevereiro de 1901, em Natal-RN, de tuberculose pulmonar. “Passou pela terra como as estrelas cadentes passam pelo céu: rápida e luminosamente”, assim se expressa Luís da Câmara Cascudo, em seu primeiro livro, Alma Patrícia. Em 1897, Auta de Souza reuniu vários de seus poemas, alguns publicados em jornais locais e nacionais, em uma obra manuscrita sob o título de Dhalias. A este trabalho primevo, ela acrescentou novos poemas e compôs outro manuscrito, com o nome Horto, no qual constavam todas as suas criações poéticas, desde 1893. A 20 de junho de 1900, circulou a primeira edição do livro Horto, impresso em A República, Natal-RN. A obra chegou a tempo de ser vista por Auta de Souza, que veio a falecer apenas sete meses depois. Agora, Fábio Fidélis (UNI-RN), Carlos Castim e Anderson Tavares de Lyra organizam um E-book do manuscrito Dhalias, além de uma transcrição impressa (ao encargo de Fábio e de Carlos), com o apoio da Liga de ensino do RN e o patrocínio do Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN.

O principal biógrafo de Auta de Souza é Luís da Câmara Cascudo, com seu livro Vida Breve de Auta de Souza. Há quem encontre nesse livro a melhor produção biográfica do famoso escritor. Na leitura, chama a atenção a negativa de misticismo na poesia de Auta, antes ressaltado por Olavo Bilac, Jackson de Figueiredo e Alceu Amoroso Lima. Cascudo não deixa dúvidas quanto a essa sua apreciação sobre a poetisa do Horto, conforme suas palavras: “Auta de Souza não é uma poetisa mística. É um espírito profundamente religioso, alma crente, devota, fielmente ligada ao corpo de Cristo em sua igreja, ligada pela doutrina do catecismo e da imitação. (...) Em todo o Horto, não há uma só página que denuncie tendência mística de sua autora”. 

Um outro ponto que o autor ressalta é a criança alegre e vivaz que foi a biografada, além da adolescente com os mesmos sonhos e sentimentos próprios dessa idade, mesmo diante da dor e da morte precoce na família. Ele assim se expressa: “Uma Auta mística, estranha, sem desejos humanos, (...) não existiu”; e fala de uma moça airosa, com voz suave,  “morena, esculpida em polpa de sapoti”. Cascudo revela o nome de um possível namorado de Auta: o bacharel paraibano João Leopoldo da Silva Loureiro, que fora promotor público em Macaíba, de 1892 a 1895, e que veio a falecer em 1897.

A cada dia que passa, parece até que a poesia de Auta de Souza atrai mais adeptos Brasil afora, e se amplia a afeição e o reconhecimento dos seus leitores e admiradores. O irmão Eloy de Souza, em seu livro Memórias, assim a define: “Seu coração foi custódia de amor e perdão, de bondade e caridade. Nele ardia a chama votiva em devoção a todos os bons sentimentos humanos”.

Daladier Pessoa Cunha Lima

Reitor do UNI-RN

Artigo publicado na edição desta quinta-feira, 14/10/2021, do jornal Tribuna do Norte


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