Diabetes - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Diabetes
07.07.2005

Parece que estou vendo meu pai prendendo um tubo de ensaio por meio de uma alça, agitando-o levemente sobre uma pequena chama, em seus costumeiros auto-exames de pesquisa de glicose na urina. Quantas vezes presenciei sua alegria ou sua preocupação quando a reação química dentro do tubo fazia aparecer as cores: azul, a glicose no sangue estava bem; verde, era sinal de alerta; e marrom, a glicemia extrapolara, então precisaria de uma dose adicional de insulina. O Diabetes, portanto, é para mim doença bem conhecida, com a qual convivi por muitos anos, não como portador, mas como envolvido expectador, pois acometia uma das pessoas mais presentes na minha vida e no meu bem-querer. Alguns anos depois, quando exercia a medicina, tive a oportunidade de diagnosticar e acompanhar o tratamento de muitos portadores dessa enfermidade, tendo o cuidado de encaminhar os casos severos para colegas mais habilitados pela especialização. Em várias ocasiões, me surpreendia tocado pela emoção de um vínculo de simpatia pelas pessoas diabéticas que acompanhei, certamente, uma inconsciente transferência de afetividade. Meu pai costumava falar com os filhos sobre o Diabetes. Seu médico assistente, da cidade de João Pessoa, orientou-o para ler e aprender sobre a doença, como forma de sobreviver, pois, à época, era precário o atendimento médico aos diabéticos, principalmente nas cidades do interior. Havia poucos anos da descoberta do uso terapêutico da insulina, quando foi feito seu diagnóstico. Tomava três doses de insulina por dia, injeções aplicadas em diferentes locais do corpo, porquanto habituou-se ao tipo mais simples do medicamento, até então o único existente. Nas suas relembranças do início da doença, enfatizava a fome incontrolável, a sede sem limites, o grande volume de urina e o emagrecimento. Gradativamente, foi se tornando debilitado, perdendo as forças, até ficar inconsciente, quando, já em coma, foi levado às pressas para a capital paraibana, ainda em tempo de seu organismo reagir favoravelmente ao correto tratamento. O que é o Diabetes? Diria que é um problema no sistema energético do organismo, causado pela falta ou má absorção da insulina, hormônio essencial à transformação da glicose em outras substâncias ou em energia, a ser utilizada por todas as células. São duas situações diferentes na caracterização da doença, conhecida como Diabetes tipo I e tipo II. No tipo I, que ocorre mais na infância, adolescência e adultos jovens, o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina. No tipo II, há falência das células para utilizarem a insulina no metabolismo da glicose. Esses casos não são insulinodependentes, têm a influência da hereditariedade e representam cerca de 90% das pessoas diabéticas. Estatisticamente, entre 100 brasileiros, 7 a 8 são diabéticos, apesar de que nem todos sabem. A medicina muito evoluiu no diagnóstico, no controle, no tratamento e na prevenção da doença. Hoje, não se usa mais, rotineiramente, fazer a correlação da cor, em teste de glicosúria, com os níveis de glicemia. Há métodos mais práticos, mais precisos e mais cômodos para acompanhar e tratar todos os casos. Entretanto, um detalhe continua válido: o Diabetes é uma doença que necessita do completo envolvimento pessoal no controle e no tratamento. Sem esse envolvimento a medicina se torna impotente e ineficaz.

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