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Diário de Natal publica matéria com palestrante do IX Conic
16.11.2009

O Diário de Natal, jornal de circulação em todo o Estado, publicou neste domingo, 15 de novembro, uma matéria com o doutorando em psicologia e professor de direito da UFES Júlio César Pompeu sobre até que ponto a aparência de uma pessoa e sua posição social podem interferir na decisão de um juiz. Júlio Pompeu estava em Natal a convite da FARN para ministrar a palestra de abertura da nona edição do Congresso de Iniciação Científica da Faculdade. Aqui, Júlio abordou as crises e seus desdobramentos e ressaltou também que o ser humano tem uma tendência a planejar o futuro sem considerar que adversidades podem acontecer. A matéria saiu no caderno Ciências e foi escrita pela repórter Adriana Amorim. Confira o texto. Quem tem cara de criminoso? Baseado em testes, professor diz que feios e pobres são mais vulneráveis a condenações da Justiça e da sociedade Até que ponto a aparência de uma pessoa e sua posição social podem interferir na decisão de um juiz? Mesmo que digam ser a lei comum a todos, uma pesquisa em desenvolvimento na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) tem apontado indícios de que muitos juristas não agem com a imparcialidade necessária à sua função. Convidado pela Faculdade Natalense para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte (FARN) para o congresso de iniciação científica, o doutorando em psicologia e professor de direito Júlio César Pompeu tem traçado um perfil das representações sociais do criminoso no campo jurídico. O pesquisador usou um software utilizado pela polícia na criação de retratos falados e criou 24 personagens, homens e mulheres com idades diversas e o mesmo tom de pele. Cem participantes de diferentes níveis sociais e escolares tentaram dar a idade aproximada e atribuir graus de beleza de 1 a 5, entre \"muito feito\" a \"muito bonito\". Também apontaram o que cada uma possivelmente fazia da vida, levando em conta as opções \"marginal\", \"subalterno\", \"auxiliar\", \"superior\" e \"dominante\". Outro questionário foi aplicado a pessoas com formação em direito, visando observar retratos falados e associar a cada imagem o tipo de crime que aquela pessoa possivelmente tenha cometido. \"Verificamos que as pessoas de maneira geral associaram criminosos levando em conta a pouca beleza, somada à baixa posição social. As pessoas feias e de baixa renda eram associadas a crimes com maior grau de condenação. O mais feio da lista, por exemplo, foi recordista de condenação por estupro. A mulher mais bonita foi recordista de vitimização\", revelou, acrescentando que crimes de corrupção foram associados às pessoas mais velhas. A pesquisa visa traçar o comportamento moral dos juristas. \"Eles são educados para ser diferentes, mas acabam se acomodando a um padrão. A ideia, então, é mapear um pouco dessa hipocrisia\", explicou. Outro ângulo Júlio Pompeu destaca que a pesquisa tenta compreender o direito de uma forma diferente. \"Hoje, os estudos estão concentrados em analisar leis, doutrinas e jurisprudência. Ou se fala de uma lei nova ou se comenta um grande autor. Mas eu me preocupo com os juristas. O direito não é produzido por leis ou doutrinas, mas por quem o constrói\", diz, reforçando sua tese em torno das representações sociais do crime e do criminoso. \"Criminoso não tem cara, mas a gente age como se tivesse. Se um objeto some dentro de casa, a primeira pessoa suspeita é a empregada doméstica. As pessoas têm certezas de crimes que sequer aconteceram\", exemplificou.

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