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Dois novos livros de Itamar de Souza
04.12.2008
Há poucos dias, recebi a visita sempre alegre do amigo Itamar de Souza. Seu bom humor é constante, humor a fluir com arguta inteligência e, algumas vezes, com sutil ironia. Itamar tem o mérito de analisar os fatos e as circunstâncias de forma sábia, sob a ótica da razão e do humanismo. Em sua personalidade, sobressaem a calma, a visão superior das vivências humanas e o senso crítico equilibrado. É um pesquisador obstinado, pois aproveita todos os momentos para procurar a verdade nos recônditos e nos liames da história, ou nas causas do objeto de estudos, a fim de concluir nova produção cultural. Erudito, figura entre os mais eminentes escritores do Rio Grande do Norte, em todos os tempos, e repete a prática do melhor entre os melhores, do maior entre os maiores, Câmara Cascudo, porquanto seus escritos e suas obras também se assentam em acuradas pesquisas. Itamar de Souza traz dentro de si a fortaleza do autêntico espírito cristão. A religião católica faz parte da sua vida, confunde-se com seus atos; sua profunda fé se completa com reflexões teológicas e com estudos filosóficos da igreja de Cristo.
Editados em 2008, dois novos livros de Itamar de Souza serão lançados em breve. Um dos livros, “Antonio Vieira em Três Dimensões”, é ótimo ensaio sobre um dos maiores estetas/ escritores da língua portuguesa. O autor aborda três dimensões que preencheram a vida de Vieira: o orador, o político e o missionário. De início, realça a face mais notória do famoso jesuíta, a do orador sacro; faz rápida passagem sobre o estilo de Vieira e diz que os quase duzentos sermões foram pronunciados na Bahia, em Lisboa, em Roma e no Norte do Brasil (Maranhão e Pará). Alguns sermões são comentados, um para cada cidade, como o Sermão do Bom Sucesso (Salvador) e o Sermão das Verdades (São Luís do Maranhão). Quanto à dimensão política, o livro foca na união entre a Igreja Católica e as monarquias de Portugal e da Espanha, durante a expansão marítima desses países: “A esta união entre o Trono e o Altar, para expandir a fé cristã e o Império Lusitano, chamou-se de padroado (em português) e patronato (em espanhol)”. Em função do padroado, jesuítas, entre outras ordens, vieram para o Brasil, “na manhã da nossa história”. O gênio dos notáveis Sermões cresceu e formou-se intelectualmente nesse ambiente do padroado, e, assim, “...não deve causar surpresa o papel político desempenhado por ele ao longo da sua vida”. Com ênfase, é vista sua passagem pela corte portuguesa, por cerca de dez anos, durante o reinado de D. João IV. O trabalho missionário compõe a página mais dramática das lides de Vieira, com um legado sem par na defesa dos povos indígenas no Norte do Brasil, conforme consta na obra em apreço.
O outro livro do escritor Itamar de Souza, a ser lançado em breve, é a “Nova História de Natal” – 2ª Edição. Esse eu já conhecia, pois tive a grande honra de escrever o prefácio. O excelente livro de 797 páginas ficou muito bonito, com a Fortaleza dos Reis Magos na capa e a Ponte de Todos Newton Navarro na contra-capa. Em 31/01/2008, publiquei neste jornal um texto sobre esse admirável trabalho que exigiu do autor quarenta anos de pesquisa. Trata-se de obra definitiva, que impressiona pela riqueza de dados, pela precisão dos relatos e pela completude do estudo. A Nova História de Natal, do pesquisador, historiador, professor, antropólogo, sociólogo e escritor Itamar de Souza, como afirmei no prefácio, merece e precisa estar em todas as bibliotecas do Estado, para que os leitores e estudiosos possam entender como o passado da cidade se transformou no presente e, assim, possam também pensar e projetar melhor o futuro.
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