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Dr. Carlos Baptista (USA) abre VI Encontro de Anatomia
11.05.2012
Imagine ir ao museu e tocar um exemplar verdadeiro de dinossauro, extinto há milhões de anos. Se a plastinação existisse na época em que a espécie foi extinta, isso seria possível hoje. Para falar sobre a técnica, que surgiu no início dos anos 80, Prof. Dr. Carlos Baptista, responsável pelo The Plastination Laboratory at University of Toledo, Ohio (EUA), proferiu a palestra de abertura do VI Encontro de Anatomia do UNI-RN, nesta quinta-feira, 10 de maio, no Hotel Parque da Costeira. Brasileiro residente há 25 anos nos EUA, Baptista é hoje uma das maiores referências no mundo.
Para um auditório lotado, ele explicou em que consiste e suas vantagens não só para a ciência como também para o público em geral, que pode conhecer espécies distantes do dia a dia, pela preservação para sempre peças raras ou mesmo únicas. “As peças não têm odor, são livres de formol e podem ser tocadas sem se deteriorar”, elencou. “Esta é talvez a contribuição mais valiosa. “Recordo peças dissecadas por nossos mestres da anatomia, que se perderam deterioradas com o tempo. Se plastinadas, seriam eternas”, comentou.
PLASTINAÇÃO - técnica desenvolvida pelo Prof. Gunther von Hagens, na Alemanha. Ao preparar um bloco de epoxy com um rim, curioso, se perguntou porque colocar o plástico do lado de fora do rim, como era feito até então, e não dentro. começou a pesquisar a possibilidade de impregnar a peça com plástico. A técnica é simples, mas é preciso paciência. “Um cérebro demora até três meses e, um corpo humano, nove meses a um ano. Mas como arte, assim como a pintura, o tempo não é o fator mais importante na plastinação”, disse. Após dissecar, o processo tem três etapas: desidratação (remover água e gordura) pela acetona, impregnação pelo plástico e o endurecimento. Ou seja, repõe-se água e gordura das células com polímero (silicone, epoxy ou poliéster). Se a câmara de vácuo for grande, é possível preparar dezenas ao mesmo tempo.
“O indivíduo conhece seu corpo vai tratá-lo com mais respeito”
Sobre as implicações de caráter moral, religioso ou legal, ele diz que é apenas de uma técnica para preservar corpos por tempo indefinido. No final dos anos 90, Von Hagens, que sempre desejou trazer a anatomia para as massas, preparou e expôs corpos ao público. “Para Hagensm se o indivíduo conhece seu corpo vai tratá-lo com mais respeito. Infelizmente, como tema revolucionário, sempre haverá duas correntes: quem suporta e quem condena”, diz Baptista. Em uma pesquisa nos museus onde Hagens expôs, 90% dos visitantes disseram ser de bom gosto e informativa”. Os corpos expostos foram doados com consentimento expresso. Hoje há exposições circulando na Europa, Ásia e Estados Unidos, do Dr. von Hagens e outros especialistas.
ENCONTRO A solenidade de abertura contou com a presença do presidente da Liga de Ensino do RN, Manoel de Medeiros Brito, o reitor Daladier Pessoa Cunha Lima, além da vice-reitora Ângela Guerra, Diretora Acadêmica, Fátima Cristina, e presidente da Soc. Brasileira de Anatomia, Thelma Masuko. Na ocasião, o Professor da USP e vice-presidente da SBA, Dr. Richard Halti, foi homenageado com a entrega de uma placa em agradecimento às contribuições prestadas ao ensino, pesquisa e extensão em Anatomia do UNI-RN. Nos seis anos de evento a SBA esteve como parceira.
O evento segue nesta sexta, com palestras no Hotel Parque da Costeira, e sábado, com minicursos no Campus do UNI-RN. Estão presentes também o Prof. Dr. Dráulio de Araújo (Instituto do Cérebro/UFRN); profª pós-doutoranda Dra. Raquel Martinez (USP), com palestra e minicurso sobre Parckinson e Ansiedade, e outros. Mais: eanatomia.unirn.edu.br. Melhores momentos no álbum de fotos do site e nas mídias sociais do UNI-RN.
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