Notícias

EDILSON KRUGER LEITE
26.01.2006

Por vezes o relato de pequenas grandes histórias humanas surpreendem e emocionam, pelo inusitado ou pelas nuances sentimentais que as envolvem. Habituais expressões de espanto e perplexidade são comuns nessas horas, cabíveis no caso a seguir, uma experiência vivida por pessoas a mim bem próximas. No final da década de 40, veio morar em Natal o senhor Aristides Leite, pastor protestante, que fixou residência à rua Meira e Sá (Bairro Barro Vermelho), próximo à Igreja que passou a liderar, localizada na Praça Tamandaré. Casado com Isabel Kruger, mulher de estatura acima da média, cabelos louros, olhos claros, características físicas que denotavam a descendência alemã. O casal simpático, extrovertido e virtuoso, logo fez amizade com a vizinhança, participando da vida da comunidade, de forma integrada e solidária. Dois ou três anos depois, a senhora Isabel estava grávida e quando iniciaram as contrações, sem tempo para sair, permaneceu na residência sob os cuidados da vizinha mais próxima, que lhe ajudou nos procedimentos do parto. O menino nasceu saudável, amparado pela improvisada parteira, de quem recebeu os primeiros carinhos. A amizade entre as famílias que moravam nas casas de números 127 e 129 da rua Meira e Sá, em Natal, se estreitava, à medida que o menino Edilson Kruger Leite crescia, passava de lactente à primeira infância, sendo o mimo da filha mais velha do casal natalense. Alguns anos depois, a família Kruger Leite avisa que deixaria Natal. O pastor Aristides estava sendo convocado para novas missões, a fim de pregar a palavra de Deus em outra cidade. Mesmo sabedores que isso poderia acontecer a qualquer momento, os amigos e as amigas natalenses sentiram essa repentina interrupção de tão fraterno e afetivo relacionamento humano. Como quase sempre acontece, as informações recíprocas se dissiparam com o tempo e a distância. Decorridos cerca de quarenta anos, uma jovem médica natalense, após concluir a residência em oftalmologia, vai completar os estudos em um dos melhores serviços da especialidade de Belo Horizonte (MG), dirigido por renomado oftalmologista. Certo dia, entre o Diretor e a médica estagiária ocorreu o seguinte diálogo: - Romeica, soube que você é de Natal, a cidade em que nasci. - Dr. Edilson, que surpresa e que alegria saber que o senhor nasceu na minha cidade! - É, minha mãe sempre me fala que nasci em uma casa da rua Meira e Sá, n.º 129, pelas mãos de uma senhora chamada Paroquinha. Ela e a filha mais velha gostavam muito de mim. - Dr. Edilson, estou quase sem poder falar: Paroquinha é minha avó e a filha dela é minha mãe, Ana Maria. Não precisa dizer da emoção que dominou os dois, quando tudo foi esclarecido. Esse caso me toca de perto, pelos estreitos laços familiares das pessoas envolvidas: sogra, esposa e filha (Romeica). Lamentavelmente, Dr. Edilson Kruger Leite, oftalmologista dos mais destacados do país, morreu no dia 03 de janeiro de 2006, quando seu avião, por ele pilotado, chocou-se com uma montanha nas cercanias da cidade de Mendoza, Argentina.