Central de Relacionamento - (84) 3215-2917
WhatsApp - (84) 3215-2917
Em texto anterior, abordei a crescente automação de tarefas, a qual implica em extinção de muitos tipos de postos de trabalho, nos dias atuais e no futuro próximo. Relembrei o processo conhecido como “Luddismo”, que ocorreu dois séculos atrás, quando operários chegaram a destruir máquinas, tidas como suas inimigas, pela ameaça que representavam para seus empregos. Após 200 anos, esse embate persiste, pois o rápido avanço técnico-científico resulta em arranjos eletrônicos que ensejam a dispensa de muitos trabalhos humanos, com o consequente desemprego. Ao final do texto, comentei sobre a premência dos sistemas de ensino de cada país terem de se adaptar a esse novo mundo do trabalho, e citei o papel das universidades, inclusive a atenção devida às competências e habilidades socioemocionais, tão importantes para uma melhor formação acadêmica nesses tempos de robôs e inteligência artificial.
A formação profissional, portanto, no âmbito das universidades, não pode esquecer dessa ênfase às habilidades socioemocionais. No contexto, cabe a pergunta: não seriam inatas essas habilidades? Voltamos, então, ao antigo debate expresso em duas palavras da língua inglesa: nature x nurture, ou seja, características emocionais inatas versus aprendidas. Em outras palavras: o ser humano já nasce com seu perfil comportamental definido – genético –, ou esse perfil é moldado ao longo do tempo, em função do meio social e cultural em que ele vive? Os entendidos dizem que esse debate vem desde as teses opostas dos filósofos René Descartes (1596-1650) e John Locke (1632-1704). Em círculos restritos, esse dilema perdura, mas a combinação das duas teorias, isto é, a personalidade de cada pessoa resulta da conjunção da genética com a influência do meio externo, passou a ser um preceito fora de dúvidas. Conclui-se, pois, que as habilidades e competências socioemocionais podem e devem ser desenvolvidas nas escolas, e as universidades precisam despertar para esse assunto tão importante na formação integral dos seus alunos.
Esse novo conceito, não implica descurar das competências técnico-cognitivas, nas quais estão o aprendizado dos conteúdos programáticos constantes na matriz curricular dos diversos cursos. É válido ressaltar que o incremento das competências socioemocionais serve de fator facilitador para a aprendizagem cognitiva. Nada disso é novo, já integra a mesa de debate em torno do melhor processo educacional, há muitos anos. No entanto, no âmbito do ensino universitário, essa questão é vista com ênfase em tempos mais recentes. Ora, não restam dúvidas de que o atual mercado de trabalho, em um mundo globalizado e repleto de conflitos internos os mais diversos, procura por um profissional que possua habilidades técnicas e cognitivas, mas que também saiba lidar com suas emoções e ajude na solução de problemas, inclusive que seja proativo e capaz de envolver grupos de pessoas na mesma direção.
No Brasil, já existem exemplos concretos de iniciativas acadêmicas que valorizam a formação integral dos alunos, levando-os para um desenvolvimento de suas inteligências múltiplas. Formados dentro dessa visão aberta e ampla, os egressos estarão mais aptos para atender às expectativas modernas do mercado de trabalho.
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
Aumentar fonte ("CTRL" + " + ") ou ("COMMAND" + " + ")
Diminuir fonte ("CTRL" + " - ") ou ("COMMAND" + " - ")