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No final da década de 1980, os alunos concluintes dos diversos cursos da UFRN se reuniram para escolher, por eleição direta, o nome do paraninfo de todas as turmas. Sem pertencer aos quadros docentes da Universidade, Enélio Lima Petrovich foi o escolhido, pois prevaleceu o amplo reconhecimento dos seus méritos culturais. Por ser o Reitor da época, tive a honra de presidir a solenidade magna e guardo ainda na lembrança o quanto foi brilhante o seu discurso, capaz de empolgar e de levar à emoção, da mesma forma que foram as inúmeras palestras, aulas e conferências que ele proferiu neste Estado e por esse Brasil afora.
Em qualquer evento cultural da cidade, existia uma quase certeza: a presença de Enélio Petrovich. Não precisava que o convite tivesse origem em setores do poder, bastava ser em prol da cultura, das letras, das artes, da história, da educação, ou sobre temas relevantes. Ele chegava por lá, com aquele jeito simples, discreto, sem mostrar vaidades tolas, mas sempre a merecer respeito, admiração e destaque no meio sociocultural norte-rio-grandense. Essa presença, esse apoio, iam além do dever de Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, pois há diferença entre estar em uma função e em exercê-la com amor, competência, entusiasmo e total dedicação. E foram essas qualidades que o mantiveram na presidência do Instituto, sempre sob aplausos pelo profícuo e desprendido trabalho. Enélio Petrovich encarou essa tarefa como uma missão de vida, mesmo que isso tenha-lhe trazido algum prejuízo material, inclusive para a sua carreira de êxitos na área do Direito previdenciário.
Outra condição a merecer realce no perfil de Enélio Petrovich era o seu natural desejo de ajudar os neófitos, os escritores em formação. Por essa e muitas outras ações, deve ser lembrado como um dos maiores incentivadores culturais do Rio Grande do Norte. À frente da "Casa da Memória", editou e reeditou livros, divulgou a obra de Câmara Cascudo, promoveu cursos, palestras, conferências, agitou e ampliou o quadro social do IHGRN - inclusive com vários sócios correspondentes. Guardião por décadas do principal acervo histórico do Estado, foi um guerreiro que combateu o bom combate a favor da cultura local, regional e universal.
A morte de Enélio trouxe para a família a tristeza pela sua ausência, para Myriam, a esposa querida, para os filhos e netos. À dor da família alia-se o sentir solidário de muitos confrades e de uma legião de amigos. Advogado, jornalista, historiador, viajor de longo curso, discípulo direto de Câmara Cascudo, o escritor Enélio Petrovich alcançou o pódio reservado a poucos no panteão da glória. Chegou lá não apenas por ser presidente perpétuo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, por integrar a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, por pertencer a outras instituições culturais em várias regiões do Brasil, por ter recebido os mais destacados títulos honoríficos, mas, sobretudo, pelos méritos de escritor de escol, com mais de duas dezenas de livros publicados.
Não se pode recordar Enélio Petrovich sem se reiterar sua santa devoção à "mais antiga instituição cultural do Estado". Existiram momentos, no entanto, em que essa devoção se revelou de forma mais eloquente. Foram aqueles momentos solenes na Instituição que presidiu, com ênfase ao encerrá-los, quando sua fala se revestia de intensa emoção, suas palavras tocavam a sensibilidade do público presente, porquanto mostravam seu amor telúrico e a pureza dos seus sentimentos de profundo bem querer ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.
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