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A vida é uma luta constante. O mal quer vencer o bem, a luz se antepõe às trevas, o calor desdenha do frio, o dia afasta a noite, o predador se volta contra a presa, que procura se defender. É possível seguir com a série de opostos, e para quase todos cabe um nítido vice-versa. Até a morte é o ponto final da luta constante da vida. E mesmo após o ponto final terreno, persiste o embate: o deleite do céu ou os castigos do capeta? Para alguns, no entanto, esse último contraste não existe, pois dirão sem hesitar: nem uma coisa nem outra.
Esse duelo também envolve a vontade do homem de viver mais e melhor, que se revela através do dilema saúde versus doença. É aí que entra a medicina e outras profissões para se oporem aos males que afligem o corpo e a mente dos seres humanos. Através dos séculos, a medicina evoluiu de forma contínua, mas também com saltos históricos. A descoberta dos micróbios foi um desses saltos, o qual tornou-se ainda maior quando a ciência trouxe à prática a quimioterapia antimicrobiana. Começou com as sulfas, em 1935, até chegar ao uso do primeiro antibiótico – a penicilina –, em 1944, após longos estudos que tiveram como líder o escocês/ inglês Alexander Fleming (1881-1955). Depois da penicilina, vieram muitos outros antibióticos, desde a estreptomicina, que salvou milhões de doentes de tuberculose, em todo o mundo. Porém, nem tudo são flores, pois esses organismos invisíveis a olho nu, de uma célula única – as bactérias –, que pareciam estar vencidas pelos antibióticos, reagem aos ataques químicos, protegem-se por elas mesmas, e passam a ameaçar a saúde de muitas pessoas. Mais uma vez, é o duelo de forças opostas, é a luta constante da vida.
Refiro-me, é óbvio, à resistência que as bactérias têm mostrado aos antibióticos. Parece até que esses microscópicos seres vivos estão a zombar da inteligência humana. Tais entes tão simples, tão miúdos, presentes em números inimagináveis em quase todas as partes do corpo do homem, quando sofrem mutações para se tornarem resistentes aos antibióticos, recebem o nome ameaçador de superbactérias. Isso se dá por causa do uso errado das drogas, seja por engano na prescrição, ou por dose e tempo de tratamento não corretos. Outro problema é o uso comum de antibióticos na agricultura e na pecuária. Essa prática é ainda mais danosa, pois são pequenas doses dadas aos animais, o que implica treinar as bactérias a desenvolver mais resistência.
Uma matéria de capa da revista Newsweek – 28 de outubro/2013 –, alerta que o uso indiscriminado de antibióticos está criando uma crise médica mundial, com as superbactérias se espalhando ao redor do globo. O Dr. Lance Price, da George Washington University School, assim se expressou sobre a questão: "Nós estamos defronte de uma das mais graves ameaças em saúde pública, de quantas já temos enfrentado. Nós estamos entrando no lugar onde não queríamos estar, com pessoas morrendo de infecções que podiam ser tratadas no passado". Há pouco tempo, o U.S. Centers for Disease Control and Prevention – CDC informou que, a cada ano, mais de 20 mil pessoas morrem nos Estados Unidos com infecções por germes resistentes às drogas. O Diretor do CDC, Dr. Tom Frieden, alertou o mundo sobre uma possível era pós-antibiótico. E completou: "Para alguns pacientes e para alguns micróbios, nós já estamos lá".
Embora o hospital seja o local mais fácil de abrigar e de propagar as superbactérias, elas já romperam esses limites. No momento, esses seres de uma única célula estão vencendo batalhas na luta constante da vida. Espera-se que a ciência e as ações públicas de saúde possam reverter esse quadro, para se evitar uma temível era pós-antibiótico.
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