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Deus e ciência foram e são guias certos da vida humana, em qualquer tempo e lugar, mais ainda diante dessa tragédia da Covid19. Contudo, poderá alguém dizer: não é possível, Deus e ciência repelem-se, atritam-se, são incompatíveis. O aparente choque entre fé e razão é antigo, tem acompanhado o homem através dos séculos. Há quem aponte o italiano Galileu Galilei (1564-1642) como o precursor da chamada Revolução Científica, com a qual a ciência ganhou prestígio e se libertou da teologia. Veio no bojo das mudanças trazidas pela Renascença, que teve a Itália como berço principal. Galileu pagou caro por defender a teoria heliocêntrica e recebeu do Santo Ofício a sentença de prisão perpétua. Porém, dentro da própria Igreja, surgiram críticas a esse julgamento, até que, 350 anos após a morte do cientista, o Papa e santo João Paulo II, em outubro de 1992, absolveu Galileu, à guisa de reparar erro histórico cometido por homens da igreja de Cristo. O santo que visitou Natal, o Papa João Paulo II, deixou um legado de lições eternas para o bem da vida humana. A sua 12ª Encíclica, de 1998, Fides et Ratio, dissipou todas as dúvidas sobre o até então ambíguo tema: “A fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”.
Há poucos meses, li que o mundo estava na mira de três plausíveis ameaças: o estoque atômico de alguns países, com uma possível guerra nuclear, a elevação da temperatura global e a inteligência artificial, porquanto um dia ela poderia se voltar contra o próprio homem, seu criador. Mas havia uma outra ameaça à espera do momento certo para dar o bote, o golpe mortal, certeiro, que chega a afrontar a inteligência humana. É incrível, mas um simples vírus, a menor estrutura viva sobre a Terra, desafia o arsenal científico do planeta; põe contra a parede os governos – do mais poderoso ao de menor poder –, amedronta todos os homens, de qualquer lugar, ricos e pobres, reis, rainhas e súditos. Põe em xeque-mate todas as arrogâncias, todas as ambições e todas as vaidades. É tempo de refletir: basta de soberbas, de egoísmos e de apego aos bens materiais. Façamos um pacto em prol do amor, do humanismo e da espiritualidade, e que, depois de tudo, floresça uma civilização melhor e mais fraterna. A fé em Deus nos fortalece nessa direção.
A par das grandes conquistas trazidas para a humanidade pela Revolução Francesa, também houve distorções severas, a cargo de alguns protagonistas, a exemplo de Pierre Gaspard Chaumette (1763-1794), presidente da Comuna de Paris, crítico radical do cristianismo. Em 1793, ele liderou um amplo movimento sob o nome de “culto à razão”. Em seu discurso, dentro da vetusta Catedral de Notre-Dame, Chaumette externou todo seu ódio às religiões: “Abaixo os padres. Não mais deuses, senão aqueles que a natureza nos oferece”. Terminou guilhotinado pela própria Revolução. A fé em Deus envolve a essencialidade do ser humano, até mesmo dos que se dizem céticos. No prefácio do livro “Os Santos que Abalaram o Mundo”, de René Fülöp-Miller, li que Heiinrich Heine, poeta e pensador alemão (1797-1856), em momento de retorno à fé, confessou: “Sim, voltei a Deus. Sou o filho pródigo. Há uma centelha divina em cada alma humana”. Belo exemplo e belas palavras que se prolongam por gerações.
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
Publicado na edição desta quinta-feira (30/04/2020) do jornal Tribuna do Norte
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