Homenagem ao Poeta - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Homenagem ao Poeta
23.06.2005

Atendendo atencioso convite formulado pelo Centro Norte-Rio-Grandense do Rio de Janeiro, estivemos, recentemente, naquela cidade a fim de fazer palestra sob o título “Recordando Henrique Castriciano”, dentro da programação do seminário “Nordeste em Questão: Histórias e Riquezas”. O convite nos foi apresentado pelo Presidente do Centro, Professor Otomar Lopes Cardoso, secundado por sua esposa Dea. Esse simpático casal amigo não estava no Rio, por motivo absolutamente superior, ficando a Presidência da Entidade sob a batuta do Professor Moacyr de Góes, que presidiu o Seminário. Moacyr de Góes fez belíssima alocução introdutória, em linguagem escorreita, fazendo-nos gentil saudação. No início da nossa fala, dissemos que faríamos uma palestra, pois, precedendo-a, já havíamos ouvido uma breve e bela conferência. Por mais de uma hora falamos e dialogamos sobre a vida desse grande norte-rio-grandense que é Henrique Castriciano de Souza. Considerado o mais proeminente intelectual do Estado, nas primeiras décadas do século passado, teve sua obra representada em respeitadas antologias, brasileiras e internacionais. Câmara Cascudo é o seu definitivo biógrafo, com o livro “Nosso Amigo Castriciano”, no qual diz que sempre preferiu a prosa ao verso de Henrique Castriciano. Mergulhado na completa orfandade aos 7 anos, menino enfermiço, Castriciano, desde muito cedo, evidenciou sua preferência pelos livros, pois as forças de sua mente superavam suas aptidões físicas. A leitura preenchia-lhe a existência, pontilhada de revezes substanciais, como, por exemplo, a tuberculose pulmonar, que ceifou a vida de seus pais e da irmã Auta de Souza (1876-1901) e que lhe acompanhou, como a própria sombra, durante toda a vida. Conhecia, por acurada leitura, os clássicos universais, mas tinha predileção pelos grandes escritores franceses, e, principalmente, por Ernest Renan, de quem recebeu influência no primoroso estilo da linguagem escrita. Além de sucinta análise da sua prosa e da sua poesia, falamos, ainda, de H. Castriciano político, da vivência no Rio de Janeiro, das suas grandes amizades, da fundação da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, dos pseudônimos, das viagens internacionais e de outros aspectos relevantes. Concluímos dizendo que, afora os frutos diretos da sua erudição, Henrique Castriciano deixou quatro legados para o Rio Grande do Norte: a valorização da mulher através da educação (criação da Escola Doméstica de Natal), a “descoberta” de Nísia Floresta, a implantação do escotismo e a influência intelectual que exerceu sobre o jovem Câmara Cascudo, 24 anos mais novo, influência auto-reconhecida pelo mestre maior da cultura popular e do folclore brasileiros. O auditório do Centro estava repleto, com a presença de ilustres conterrâneos. À noite, a amiga Selma Dantas recepcionou algumas pessoas em seu apartamento no Flamengo, quando Murilo Melo Filho, esse destacado intelectual de quem todo o Rio Grande do Norte se orgulha, falou-nos com entusiasmo da Biblioteca Rodolfo Garcia, instalada na Academia Brasileira de Letras, com mais de 65.000 títulos, que ele implantou e dirige. Esse foi um momento especial: por termos homenageado um nome ímpar da cultura e da educação do nosso Estado, pela afável acolhida e pelo reencontro de velhos amigos, distantes no tempo, mas próximos na afetiva memória.

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