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Há tempo de nascer e tempo de morrer, assim diz o Eclesiastes, na sua sublime alusão aos eventos naturais da vida. Mas a morte de um amigo, por mais que ele tenha cumprido de forma completa todas suas etapas da existência, desperta sempre amarga emoção de perda. Foi o que senti, ao saber da partida definitiva de Heriberto Bezerra para outras órbitas, aos 89 anos, depois de alguns meses tentando vencer uma crescente fragilidade física. Era um homem feliz, e fazia o possível para passar aos outros sua aura de felicidade. Sabia manter uma conversa agradável, inteligente, entusiasta e alegre. Nunca o encontrei descrente do sucesso ou submisso aos naturais obstáculos próprios do cotidiano de qualquer pessoa. Foi um vencedor em tudo o que se envolveu e sempre se manteve discreto, sem arroubos ou soberba, pois sua grandeza humana estava acima do orgulho tolo e da falsa glória. Heriberto Bezerra marcou sua presença pelos caminhos que percorreu, nos quais deixou um legado de ações e obras em prol do bem comum.
Conheci Heriberto quando estudei pediatria, uma importante área do curso médico, cerca de cinco décadas atrás. Aquele jovem professor, um dos que ajudaram Onofre Lopes na criação da UFRN, logo causou forte impressão em toda a turma. Suas aulas eram envoltas não somente de farto conteúdo, mas também de certo lirismo, de emoção e de ênfase aos severos cuidados devidos aos pequenos pacientes. Foi um mestre de verdade, capaz de despertar nos discípulos o amor à medicina, e, em especial, à pediatria. Na condição de Professor Catedrático por mais de três décadas, liderou uma equipe de médicos e professores de escol, os quais sempre o tiveram como uma referência; trabalho longo e que resultou em uma escola da especialidade, com uma Residência Médica e um hospital de pediatria – Hospital Professor Heriberto Bezerra –, da UFRN. Essa escola de pediatria tem atuado na formação de especialistas, mantidos os princípios plantados pelo Professor Heriberto, princípios de devoção à medicina, de humanismo, de competência e de ética na profissão.
Orador e conferencista brilhantes, com um discurso poético, em linguagem culta e emocional, gostava de usar metáforas e hipérboles. Podem-se elencar três principais paixões de Heriberto Bezerra: a medicina, o Rotary e o América Futebol Clube. Pioneiro da pediatria no Estado, exerceu a profissão por muitos anos, a ponto de ser o médico de três gerações seguidas. Sempre vestido de branco, sua imagem evoca o senso da arte e da ciência unidas na prática médica. O grande êxito na profissão levou-o de modo natural à posição de líder, tendo exercido, entre outras, as funções de Presidente do Conselho Regional de Medicina e da Academia de Medicina do Rio Grande do Norte. Dedicou-se ao Rotary de corpo e alma, onde ampliou suas chances de ser útil e de fazer o bem. Presidiu o seu clube e foi o primeiro potiguar a exercer a honrosa missão de governador do Distrito 4500, que engloba os estados de PE, PB e RN. E o América? Ah, o América: fervor desmedido, amor sem limites, paixão total.
Da Bahia, Heriberto Bezerra trouxe não somente seu diploma de médico, mas também uma dádiva maior, sua esposa Maria. Formavam um casal exemplar, deixando evidente o amor que os unia, e os sentimentos mútuos de admiração, bem-querer e ternura. As alegrias de Heriberto e Maria se multiplicaram com a filha Mildred e com o filho Cláudio, e cresceram ainda mais com os netos e os bisnetos. Para essa família amiga, renovo os votos de pesar, com a certeza de que o Rio Grande do Norte manterá no panteão da história o nome de Heriberto Ferreira Bezerra, pela sua vida digna de cidadão e pelo seu profícuo trabalho em favor da saúde das crianças deste Estado.
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