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Chegou ao fim, aos 93 anos, a bonita e feliz vida da querida tia Ieda. Foi casada com Alfredo Pegado Cortez, grande figura humana, e do casal nasceram 05 filhos: Esequias, Alix, Zara, Eduardo Alfredo – faleceu logo após nascer – e Sérgio, falecido, vítima de desastre. Pode-se citar outra filha, do coração, a nora Ana Emília. Viveu além dos 04 irmãos e de 03 irmãs, entre elas a minha mãe Eunice. Continua em boa forma a também muito querida tia Zilpe, com idade de 91 anos. De toda a família, ela era a mais alegre, a mais divertida e a mais alto-astral. Cristã convicta, seguiu sempre as trilhas da bondade, do perdão e do amor ao próximo. No seu perfil humano havia a grandeza dos simples, a ternura dos bons e a paz das pessoas de boa fé. Ela deixou aos pósteros uma lição da arte de bem viver, não somente na busca da própria felicidade, mas no afã de tornar muitas outras pessoas também felizes.
O primo e amigo Esequias Pegado Cortez me fez um resumo da vida da sua mãe, que ele dividiu em três fases. Na primeira fase, que durou 39 anos, ela viveu casada com Alfredo Pegado Cortez, tempo em que se adaptou ao estilo de vida do esposo. Apesar de distintos temperamentos, o casal viveu feliz; Ieda foi esposa exemplar, criou uma família dentro dos melhores princípios, mãe amorosa e dona de casa completa. Quando ficou viúva aos 56 anos, veio a 2ª fase, de grande tristeza, recolhimento e envelhecimento rápido, o que perdurou por alguns anos. De repente, ela reagiu, e passou a se dedicar às artes, ao trabalho social, à vida comunitária e a viajar. Nessa fase, criou e presidiu a primeira associação voltada para a Melhor Idade do Estado, a ABDMI-RN. Desde então, conciliou seu perfil psicológico expansivo e alegre com o novo estilo de vida. Essa mudança se completou depois de conhecer o professor Marconiedson Ferreira, seu grande amigo e instrutor musical. Em Natal, moravam em locais diferentes, mas fizeram juntos dezenas de viagens, curtas e longas. Em um dos seus livros, ela cita Drummond: “Deus me deu um amor no tempo de madureza”.
Com poucos anos de estudo formal, escrevia com desenvoltura. É autora de dois bons livros: “Conhecendo o mundo a partir dos 60 anos”, no qual ela criou uma ficção sobre suas viagens, com duas principais personagens, ela própria e o amigo Marconiedson, e “Os voos da memória”, dedicado ao resgate histórico da sua família Ramalho/Pessoa. Era uma artista nata, em especial na pintura, com a produção de belas e criativas telas; e era exímia intérprete musical no uso de alguns instrumentos. Vaidosa, não dispensava o batom e os bonitos adereços. A convite do Reitor Onofre Lopes, deu impulso ao artesanato do Crutac, e criou a Cooperativa de Artesanato da UFRN. Depois, presidiu a Copala, com a mesma missão, no âmbito do Estado. Fez muitas viagens, conheceu mais da metade do mundo e adorava cruzar os mares de navio. Ela e Marconiedson singraram os oceanos 32 vezes, pelo Brasil, pela Europa e por outros lugares do planeta.
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
Publicado na edição de 05/09/2019 do jornal Tribuna do Norte
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