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Por vezes, exaltam-se méritos de pessoas além dos seus reais merecimentos; por vezes, ocorre o oposto, esquecem-se de tantas figuras tão dignas de honras. Alguns jactam-se dos seus próprios atributos, até mesmo com desprezo à verdade; outros mantêm-se no natural recato, pois entendem suas ações como sendo parte de uma missão conjunta. Manoel Benício de Melo Sobrinho (1925–2011) pertenceu ao grupo dos que não anseiam por aplausos, mas se comprazem pela paz interior do dever cumprido; dos que se afastam da soberba, mas se apegam ao decoro e à discrição; dos que prescindem da falsa modéstia, pois sabem ser simples, sóbrios e decentes. Benício deixou um legado de grandes feitos sociais por onde passou, com ênfase no âmbito da UFRN e nas diversas funções da administração pública do Rio Grande do Norte. O seu legado reveste-se também da grandeza humana que lhe era própria, da lhaneza no trato, da vontade constante de ser útil e de fazer o bem, dos exemplos dignificantes que merecem maior atenção dos pósteros.
Tive a honra do convite de Manoel Benício para ser um dos seus entrevistadores, ao lado de Cláudio Emerenciano e de Tarcísio Gurgel, no programa Memória Viva, da TV Universitária. Agora, depois do falecimento do entrevistado, ocorrido em 13 de novembro de 2011, seu irmão, João Wilson Mendes Melo, brilhante escritor e integrante da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, Professor Emérito da UFRN, concede-me também a honra ao me convidar para escrever o prefácio do livro em que se transforma aquela entrevista realizada em maio de 2005.
Manoel Benício de Melo Sobrinho foi versátil auxiliar da fecunda gestão de Aluízio Alves – de 1961 a 1966 – no Governo do Estado. Criado pelo Presidente John F. Kennedy, dos Estados Unidos, o Programa Aliança para o Progresso, logo no início, contemplou o Rio Grande do Norte, e Aluízio não hesitou em convocar Manoel Benício para gerir o projeto no Estado, nomeando-o para a SECERN. Sob seu comando e por meio de uma gestão digna e eficaz dos recursos públicos, foram construídas diversas unidades de ensino, entre as quais estão o Instituto Kennedy, o Colégio Winston Churchil e o Instituto Padre Monte. Muitos cargos administrativos do Estado contaram com o lúcido trabalho de Benício: Secretário da Educação, Presidente do IPE (implantou o Instituto), Diretor do Serviço de Pessoal, entre outros.
Por concurso, galgou as funções de professor de Direito Civil da UFRN, e, por 12 anos, presidiu o Departamento de Direito Privado. Prestou serviço de assessoria a cinco reitorados – cerca de 20 anos –, com uma missão especial no tocante ao reconhecimento dos cursos, durante os tempos heroicos da Universidade. Em outubro de 1997, a UFRN outorgou-lhe, com muita justiça, o título de Professor Emérito. Posso afirmar que seu nome deve figurar entre os que mais fizeram em prol da UFRN, no sentido de consolidar e de garantir o prestígio da Instituição.
Discreto, sóbrio e afável, Manoel Benício gostava muito de viajar. Conheceu boa parte do mundo, sendo Paris a cidade predileta, conforme me disse sua filha Liana. Detentor de ampla cultura humanística e jurídica, estudava e lia com avidez. Pai de duas filhas e um filho, sua esposa Leda Batista Gurgel foi professora de francês e escreveu o livro Cartas da Infância, ótimo relato do tempo vivido nas fazendas do sertão de Timbaúba dos Batistas. O Rotary foi uma das suas paixões, onde, durante 50 anos, sempre se afirmou pela solidariedade e clarividência. A paisagem humana de Natal sente a falta da figura humana inesquecível de Manoel Benício de Melo Sobrinho. Sua memória precisa estar viva, para que possa transmitir preclaros exemplos às novas gerações.
*Excerto do prefácio do livro Memória Viva de Manoel Benício de Melo Sobrinho.
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