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Brasil e África do Sul têm muito em comum, haja vista a história de discriminação com as pessoas de pele negra. Se em nosso país não houve a crueza da segregação do Apartheid, houve e ainda há o racismo atávico, seja por erro ou por omissão do poder público, desde fases remotas, seja por atitudes, explícitas ou com disfarces, de uma parte da própria sociedade. Isso sem falar no tempo cruel e opressor da escravidão, que permeou o período colonial brasileiro, e prolongou-se como uma chaga latente na consciência nacional. Em épocas recentes, políticas públicas de inclusão social merecem aplausos, no afã de expiar a culpa e de resgatar séculos de injustiça. Ao pensarmos na escravidão, é raro nos lembrarmos do tráfico de escravos, das horrendas torturas impostas aos negros nos conveses dos navios negreiros. No livro O Navio Negreiro – Uma História Humana, o autor, Marcus Rediker, diz que, no decurso de quatro séculos de tráfico de escravos, milhões de pessoas foram embarcadas em navios negreiros e cruzaram o Atlântico, rumo a centenas de pontos de distribuição e de venda. Durante o terrível trajeto, cerca de 2 milhões delas morreram e tiveram seus corpos lançados ao mar, para proveito dos tubarões. Mais na frente, afirma: “O navio negreiro é um navio fantasma que viaja nas fímbrias da consciência moderna".
Em 2014, celebram-se vinte anos da debacle do Apartheid, pois, em 1994, o presidente Frederick de Klerk, de pele branca, presidiu as primeiras eleições democráticas da história da África do Sul, quando o insigne líder negro Nelson Mandela venceu o pleito, e, aos 75 anos, assumiu a presidência do país. Em 1993, Nelson Mandela e Frederick de Klerk dividiram o Prêmio Nobel da Paz. São vários líderes mundiais que merecem destaque, no cenário global do século XX. Nesse cenário, a figura de Mandela se sobressai, pelo que representa de coragem, de resiliência e de altivez, pelo amor a uma causa, pelo carisma pessoal, e por tantas outras virtudes que dignificam o ser humano. Depois de 27 anos na prisão, sofrendo as agruras do cárcere e as dores da injustiça, vendo seu povo ser vítima de fria crueldade, mostrou ao mundo seu perfil de homem superior, capaz de perdoar e de fazer justiça, de optar pela reconciliação e de apagar os desejos de vingança, enfim, de dar o exemplo de como se constrói a paz no sentido mais amplo possível. Sua ação cresce de valor quando se recorda a sordidez do Apartheid, que durou 42 anos.
As torpes experiências humanas do Apartheid, da mesma forma que os exemplos heroicos como os de Mandela, precisam ser sempre lembrados, para que, a partir deles, vislumbre-se a construção de um mundo melhor. Daí a importância de se difundir e de se celebrar, no Brasil, o Dia da Consciência Negra – 20 de novembro –, a fim de relembrar que o país se orgulha das diversas origens étnicas da brasilidade, com direitos iguais para todos, garantidos pela atual Constituição Federal. A data resgata a figura heroica de Zumbi dos Palmares, líder negro do Quilombo dos Palmares, morto em 20 de novembro de 1695, por se rebelar contra a opressão e a tirania.
O UNI-RN, em 2014, celebra com mais força o Dia da Consciência Negra, ao inaugurar, no dia 19 deste mês de novembro, o Centro de Convivência Nelson Mandela, amplo e aprazível. De um texto de Valter Hugo Mãe, ilustre escritor português, pincei as seguintes palavras: “Quem não tiver a fortuna de saber acerca de Nelson Mandela anda vazio dos bolsos da alma. Penso assim, que são homens como ele que apontam o quanto é incrível existir".
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