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Durante algum tempo, dediquei-me com afinco ao estudo da língua inglesa, como se fora um lazer. Cheguei a frequentar, por vários anos, salas de aula nas quais eu era o vovô da turma, e, mesmo assim, nunca tive problema em relação à grande diferença de idade com meus “classmates”. No afã de dispor de ótimos livros na língua inglesa, associei-me à Folio Society, de Londres, que publica obras de literatura, história, dicionários e muito mais, em exemplares muito bonitos, de capa dura e com belas ilustrações. Entre os livros da Folio Society que possuo, está American Short Stories, uma coleção de contos de grandes autores norte-americanos, a exemplo de Edgar Allan Poe, Sherwood Anderson, F. Scott Fitzgerald, Ernest Hermingway e O. Henry, além de outros.
À época, cerca de duas décadas atrás, li algumas dessas American Short Stories, e o nome do escritor O. Henry ficou na minha lembrança. De fato, esse é o pseudônimo de William Sidney Porter, que nasceu em 1862, na Carolina do Norte, e morreu em 1910, em Nova York. Foi morar no Texas, e, na cidade de Austin, trabalhou como caixa de um banco, quando foi acusado de cometer o crime de desfalque. Fugiu para Honduras, e, ao retornar, foi levado para uma prisão em Ohio, onde ficou por quatro anos. Nesse tempo, escreveu muitos contos, prática que começou desde o tempo vivido no Texas, porém, agora sob o pseudônimo O. Henry, pois queria sepultar a imagem negativa do seu nome de origem. Depois da prisão, passou a morar em Nova York, onde casou e continuou a escrever short stories em ritmo intenso.
Ao reler o livro “As obras-primas que poucos leram” – organização de Heloísa Seixas –, deparei-me com uma resenha sobre o escritor O. Henry, de autoria de Ruy Castro. Nessa resenha, vejam o que está escrito: “Alguém foi mais lido do que O. Henry, nos Estados Unidos, entre 1901 e 1910? Deixem-me ver. Ninguém. Nesse tempo, ele escrevia um conto por semana para o poderosíssimo New York World, que o distribuía para o resto do país”. Ruy Castro comenta que as histórias criadas por O. Henry são capazes de fazer rir quanto de chorar, com um final sempre inesperado.
No conto “Presente de Natal”, um jovem casal, mesmo sem dinheiro, resolve se presentear, na véspera do Natal. Os dois, Jim e Della, saem por Nova York em busca de uma solução secreta para seus anseios afetivos. Ele possui somente um velho relógio de algibeira, herança do avô e do pai, porém sem a devida corrente. Ela só dispõe das belas madeixas castanhas do seu longo cabelo. Della vai a uma loja de perucas e vende seu lindo cabelo por 20 dólares, mas quase chora ao perder suas madeixas. Em seguida, compra, pelo mesmo valor, o presente do seu querido noivo, uma corrente para o antigo relógio de tanta estima. Ao mesmo tempo, Jim vende o seu único bem material, o bendito relógio, e, com o dinheiro, compra o presente de Natal para a sua amada: um pente de concha de tartaruga com armação de prata, digno dos seus lindos cabelos. Em lágrimas os dois se abraçam, choram e riem quando entregam seus – agora inúteis – presentes. O. Henry ainda faz uma alusão aos presentes dos Reis Magos, na noite do Natal, que também pareciam inúteis, cuja história ainda hoje é contada, depois de tantos séculos.
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
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