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O ser humano distingue-se pela inteligência e criatividade, pela ambição por novos conhecimentos e pela ânsia de registrar, por meio da palavra falada ou escrita, o produto ou o prodígio nascidos no âmago da sua mente e da sua alma. Cingidos à criação, preservação e difusão de ideias estão os livros e as bibliotecas – mesmo nos tempos digitais –, símbolos maiores da própria grandeza espiritual do homem, criado à imagem e à semelhança de Deus.
Ao escrever sobre a relevância do livro e da biblioteca, relembro e repasso amena passagem a mim contada pela saudosa professora Noilde Ramalho. Pouco tempo depois da morte de Henrique Castriciano de Sousa (1874-1947), seu irmão Eloy de Souza (1873-1959) procurou-a no intuito de doar à Escola Doméstica de Natal grande parte do acervo do Dr. Henrique. À época, a Escola mantinha uma égua, com cangalha e dois caçuás, para fazer o transporte de todas as compras da ED, além de outras demandas. O animal estava sob o comando de diligente funcionário chamado Raimundo. Professora Noilde, então, mandou buscar os livros de HC, e entregou a tarefa a Raimundo, com o uso da égua e dos singelos acessórios. Depois da terceira viagem, trazendo os caçuás cheios, Raimundo disse para a diretora da Escola Doméstica: “Dona Noilde, já sei de que esse homem morreu; foi de tanto ler, dona Noilde.” Henrique Castriciano é um exemplo de amor aos livros. Seu acervo era enriquecido por famosas obras em francês, idioma sobre o qual ele detinha total domínio. Na sua época, foi o mais destacado homem de letras do Estado, e as constantes e seletas leituras foram essenciais para a sua vasta formação cultural e humanística, revelada na excelente produção em prosa e em poesia. Foi HC quem primeiro motivou e orientou Câmara Cascudo a se dedicar, intensamente, ao mundo das letras. No sentido oposto à frase do ingênuo Raimundo, foram os livros e as leituras que levaram Castriciano a se tornar um ser imortal.
O livro infanto-juvenil, no nosso país, é festejado a cada 18 de abril, dia do nascimento do escritor Monteiro Labato (1882-1948), nome maior desse tipo de literatura no Brasil. As histórias por ele criadas, por meio de dezenas de livros, muito fizeram e ainda fazem para ampliar a cultura de crianças, jovens e adultos, em diversos campos do conhecimento humano, e na formação cidadã, ao longo de várias gerações. A série da TV – O sítio do picapau amarelo – manteve inesquecíveis os personagens por ele criados. Permitam-me relembrar do meu neto Thiago que, na idade de 6 / 7 anos, sempre com uma baladeira no pescoço, só atendia pelo nome de Pedrinho, jamais de Thiaguinho. Monteiro Lobato criou a frase lapidar: “Um país se faz com homens e livros.”
A data de 23 de abril marca o dia do livro, no âmbito global. A escolha foi da UNESCO e se fez porque nessa data, em 1616, morreram William Shakespeare e Miguel de Cervantes. Termino esta página sobre o livro e a biblioteca, prestando-lhes as devidas honras, com as palavras do escritor e médico norte-rio-grandense Esmeraldo Siqueira: “Ali está o milagre supremo da civilização, a perpetuação da cultura, a continuidade da alma e do espírito humanos no que eles têm de mais nobre e de mais belo. São os livros o penhor desse prodígio.”
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
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