Honras ao médico Oswaldo Cruz - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Honras ao médico Oswaldo Cruz

Em dias recentes, diversas notícias alertam sobre o retorno de doenças já erradicadas no Brasil, a exemplo do sarampo. Essa palavra ainda hoje me instiga, pois minha mãe dizia o quanto fiquei frágil, desenganado mesmo, ao contrair a doença antes do segundo ano de vida. Entre as cidades do país onde existem casos de sarampo, nos dias atuais, está o Rio de Janeiro. Chamou-me a atenção esse fato, como se aquela tão bonita urbe tivesse, no seu perfil e ao longo do tempo, o estigma das doenças epidêmicas. Porém, não são somente os relatos desses males, mas também são as notáveis lutas no combate a algumas das enfermidades causadas por micróbios ocorridas no Rio de Janeiro, as quais compõem um dos principais capítulos da história da medicina do nosso país. 

A febre amarela chegou ao Rio de Janeiro em 1850 e avançou por quase todo o país. Pensava-se que era uma doença contagiosa, a ponto de o Imperador Dom Pedro II enviar convite ao grande cientista francês Louis Pasteur, para vir ao Brasil a fim de “purgar o Império do seu maior flagelo”. Somente no começo do século 20, brilhou a estrela do médico Oswaldo Cruz (1872-1917), que passara três anos de estudos no Instituto Pasteur, em Paris. Nomeado pelo Presidente Rodrigues Alves para o cargo de Diretor de Saúde Pública – equivalente a Ministro da Saúde –, Oswaldo Cruz recebeu plenos poderes para sanear e livrar da febre amarela a capital do Império, e, por extensão, o pais inteiro. Ele implanta, então, as famosas brigadas de mata-mosquitos, pois já se sabia que a febre amarela tinha um vetor na sua cadeia de transmissão. A campanha não admitia réplicas, era compulsória e, em face do rigor, houve reação forte por parte de alguns setores, inclusive de nomes famosos, a exemplo dos poetas Olavo Bilac e Emílio de Menezes. Além de cientista e insigne sanitarista, Oswaldo Cruz também era devoto do livro e da literatura, tanto é que logrou se eleger para a Academia Brasileira de Letras, tendo Emílio de Menezes como concorrente. Conta-se que o poeta, revoltado com a derrota, teria mandado dizer ao vencedor que “já tinha pronto o discurso de posse e o venderia barato ...” 

Na transição do século 19 para o 20, além da febre amarela, grassava no Rio a varíola e a peste bubônica. Ao lado da campanha do mata-mosquito, Oswaldo Cruz começa a luta contra a peste, e divulga o pagamento pelos ratos levados ao local indicado. Um espertalhão chegou com um alto número de roedores e despertou suspeita. Preso, confessou: fizera uma criação de ratos para vender ao governo. Mas eram só ratos cariocas, disse em sua defesa... E a varíola? Essa era de efeitos terríveis, apesar de o controle ser mais fácil, mas a população temia usar a vacina. Oswaldo Cruz instituiu a vacina obrigatória contra a varíola, e houve grande repulsa dos cariocas, até que, em novembro de 1904, o tumulto chegou ao auge, com destruição, mortos e feridos nas ruas do Rio, convulsão social chamada de A Revolta da Vacina. Hoje, o problema está nos erros da gestão pública, pela falta de vacinas ou de campanhas corretas para se atingir as metas ideais na prevenção das doenças.

Oswaldo Cruz ergueu e implantou o Instituto Manguinhos, que depois recebeu o seu nome, um dos melhores centros de pesquisa do Brasil. O renomado escritor francês Anatole France, em visita ao Rio de Janeiro, em 1909, na saudação que fez a Oswaldo Cruz, assim falou: “O senhor fez o mesmo que Hércules. Matou a hidra. É um benfeitor da humanidade”.     



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