Central de Relacionamento - (84) 3215-2917
WhatsApp - (84) 3215-2917
A medicina na Grécia antiga cresceu em conjunto com a filosofia, tornando-se uma ciência e uma arte. A figura humana que marca a mudança da prática médica mágica para a científica é Hipócrates (460-377 a.C.), que, entre outros ensinamentos geniais, escreveu o famoso juramento, um autêntico código de conduta da profissão. Vejam o que afirma o grande médico e escritor Pedro Nava (1903-1984): “... veremos que o próprio Pai da Medicina foi antes de tudo um filósofo. Verdadeiro criador do método indutivo da lógica, é nesta qualidade que o gênio reflexivo, amplo e abrangedor de Hipócrates vai marcar terminantemente a agonia da medicina místico-teúrgica, substituindo a especulação imaginativa, fácil e desordenada, pelo adestramento na observação, pela disciplina na experiência e pela serenidade no julgamento.”
Os êxitos da medicina atual tiveram origem em um passado longínquo, por meio de profundos estudos realizados, ao longo do tempo, pelo trabalho de médicos e cientistas que deixaram seus nomes gravados na história da profissão, embora saibamos o valor, nesse processo, de uma maioria anônima mas também de grande significado. Nessa maioria estão também os pacientes que não tiveram a ventura de nascerem depois que a ciência médica passou a controlar a dor e as infecções. Além de Hipócrates, destacam-se nomes que figuram em qualquer ensaio voltado para o passado humano na sua luta para superar as doenças, dentre os quais, ressalto Joseph Lister (1827-1912), sobre quem faremos rápidos comentários, conforme a ênfase constante no livro Medicina dos Horrores, que serviu de motivo para a minha crônica anterior.
Joseph Lister nasceu em uma família próspera, no condado de Essex, na Inglaterra. Logo cedo, Joseph resolveu estudar medicina e, ainda aluno, assistiu à primeira cirurgia com o paciente anestesiado, na Inglaterra, em 1846. Seis anos após concluir o curso médico, Lister era residente na clínica do famoso médico cirurgião James Syme, na Universidade de Edimburgo, na Escócia. Já casado com Agnes, filha de Syme, fixou-se na Escócia, e, em 1859, foi nomeado professor de cirurgia na Universidade de Glasgow e membro do Colégio Real de Cirurgiões. A essa altura, tornou-se famoso na condição de defensor intransigente da antissepsia dos campos cirúrgicos e dos hospitais, com sua pregação a favor da higiene, cujo símbolo era a “lavagem das mãos”, tendo ao lado a grande Florence Nightingale, a mãe da Enfermagem.
Lister entrou em contato com os trabalhos de Pasteur (1822-1895) sobre os micróbios e, desde então, consolidou sua tese de que eram os germes os causadores das infecções hospitalares, em especial, durante as cirurgias, e adotou – com sucesso – o ácido carbólico como produto de escolha na antissepsia que, em conjunto com a anestesia, mudaram o rumo da medicina cirúrgica.
Em 1871, Joseph Lister foi chamado para atender à rainha Vitória (1819-1901), que sofria com um abscesso na axila. Levou consigo, além dos instrumentos cirúrgicos, o seu vaporizador de ácido carbólico. Sorte de Vitória, por ter sido, então, anestesiada com clorofórmio e tratada com o antisséptico ácido carbólico. Lister sarjou e drenou o abscesso e, na volta às aulas, brincou com seus alunos: “Sou o único homem que já enfiou uma faca na rainha!”
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
Publicado na edição desta quinta-feira (31/10/2019) do jornal Tribuna do Norte
Aumentar fonte ("CTRL" + " + ") ou ("COMMAND" + " + ")
Diminuir fonte ("CTRL" + " - ") ou ("COMMAND" + " - ")