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Liderança
09.02.2006
Confessamos nossa menor afeição por livros voltados para esse assunto, ou outros que, genericamente, são chamados de auto-ajuda. Entretanto, tem despertado nossa atenção a permanência tão prolongada do título “O Monge e o Executivo” no topo dos mais vendidos. Resolvemos, então, acrescentar uma entre as mais de 400.000 unidades já vendidas no Brasil, em sucessivas edições da Sextante. Fenômeno de vendas no país, o livro, de 139 páginas, foi escrito em 1998, por um consultor de empresas, o norte-americano James C. Hunter, sob o título original em inglês “The Servant”.
Preliminarmente, é auspicioso saber do grande interesse por um bem que não figura entre os principais “desejos de consumo” dos brasileiros. O número de leitores deve superar o de adquirentes, o que, certamente, representa um benefício para muitas empresas e organizações, além de significar incentivo ao hábito de ler. Conversamos com algumas pessoas (não muito aficionadas aos livros) que comentaram o quanto gostaram de folhear e conhecer “O Monge e o Executivo”, além de recomendarem para outros integrantes dos seus círculos de amizades e de trabalho. Isto é muito bom, principalmente pelas evidências de que o entrave maior ao desenvolvimento nacional está no sistema de educação ineficiente, o qual, por sua vez, tem na falta de apego à leitura, principalmente de livros, uma de suas causas – e conseqüências – mais relevantes.
Agradável de ler, “O Monge e o Executivo” conta a história de um homem de negócios bem-sucedido, que, inesperadamente, se vê em dificuldades no trabalho e na família. Mesmo se considerando autosuficiente, aceita a sugestão de um pastor para permanecer em retiro num mosteiro beneditino, por uma semana, a fim de dialogar e refletir, com mais cinco participantes, acerca de princípios de liderança, tendo como coordenador um frade que adotara a vida monástica após vitoriosa e lendária experiência como executivo de uma das maiores empresas americanas.
Toda a mensagem do texto nasce do confronto de idéias que fluem e se desenvolvem durante o período de retiro. O principal direcionamento do debate situa-se na distinção entre Poder e Autoridade. Sob poder, as pessoas são obrigadas a fazer, mas influenciadas por uma liderança, fazem suas tarefas com boa vontade, felizes. O mérito está em valorizar o princípio da autoridade em detrimento da busca pelo poder, ou seja, ser essencialmente um líder, muito mais que um chefe ou gerente. Aí entra o conceito de liderança: “Habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente na busca de objetivos identificados como sendo para o bem comum.” O líder não necessariamente “nasce feito”, ele pode ser moldado, pode desenvolver habilidades que se associam às qualidades pessoais próprias, devendo no seu perfil sempre existir paciência, bondade, humildade, respeito, generosidade, perdão, honestidade, lealdade e compromisso.
O autor cita grandes lideranças que tiveram capacidades de influenciar pessoas para realizarem suas vontades, dirigidas para o bem coletivo: Gandhi, Madre Tereza de Calcutá e Jesus Cristo. Como diz o próprio título no original, “The Servant” (“O Servo”), a liderança de Jesus é para servir, Ele “que mudou o mundo sem exercer o poder, só influência”.
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