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“Mens sana in corpore sano”
25.04.2007
Há muito tempo se conhece os efeitos benéficos do exercício físico para a saúde humana. Desde os antigos gregos, principalmente por meio dos sábios ensinamentos de Hipócrates, essa idéia foi semeada. O Pai da Medicina questionava as interpretações mágicas da medicina, sendo pioneiro na visão puramente natural das doenças. O curso da história da medicina mudou a partir de então, quando os deuses, responsáveis pelas moléstias e também pelas curas, começaram a ser substituídos pela observação clínica. Panacéia, deusa de todas as curas, e Higia, deusa da saúde pública, filhas de Esculápio, cederam lugar à prática médica mais racional. Entre os valiosos escritos de Hipócrates, encontra-se “Aforismos”, que envolve 406 pensamentos de filosofia e medicina, incorporados ao saber que surgiu “a posteriori”. Pois bem, na obra acima citada estão alguns princípios que se referem ao valor dos exercícios físicos para uma vida saudável. Desde quatro séculos antes de Cristo, esse conceito, portanto, é reconhecido, mas ainda hoje carece de divulgação e de prática mais amplas.
Exercícios físicos fazem mais do que fortificar a musculatura e ajudar a prevenir doenças do coração: novas pesquisas mostram também a eficácia na melhoria do poder cerebral, além de oferecerem esperança na batalha contra a doença de Alzheimer. Recentemente, o neurocientista Charles Hillman, da Universidade de Illinois – USA, identificou a forte influência dos esportes no desempenho intelectual de jovens estudantes. Os trabalhos de Hillman não são isolados, porquanto fazem parte de uma série de outras pesquisas em fase de finalização, as quais demonstram, de forma efetiva, o vínculo entre os exercícios físicos e a habilidade mental. O que até pouco tempo era considerado impossível – a recuperação e crescimento de novos neurônios – agora é uma verdade científica. Três meses de exercícios aeróbicos vigorosos foram suficientes para induzir a geração de células nervosas e de implementar a interconexão entre elas. Muito auspicioso para esses ensaios científicos é a possibilidade do retardamento do início de doenças relacionadas com as funções cognitivas, entre as quais estão Alzheimer e ADHD (déficit de atenção e hiperatividade). Outra significativa conclusão é de que não interessa a idade, pois um corpo forte e ativo é crucial para uma mente forte e ativa, em qualquer fase da vida.
A revista Newsweek (edição de 09/04/2007) traz minuciosa descrição dos estudos de Hillmann e de outras pesquisas em neurociências. O médico John Ratey, da Universidade Harvard, demonstrou, em laboratório, os efeitos no cérebro da proteína IGF-1, liberada com o exercício físico. A IGF-1, por sua vez, estimula a produção de fluidos químicos, tal como o BDNF (Brain-Derived Neurotrophic Factor), o qual lidera o processo de neurogênese e de melhoria da cognição. Importante é a certeza de que o BDNF, de forma diferente dos neurotransmissores dopamina e serotonina, pode permanecer estocado no cérebro por algum tempo.
“Mens sana in corpore sano” (Mente sã em corpo são), frase atribuída ao poeta romano Juvenal, remonta aos primeiros séculos da era cristã e quase sempre é usada em apologia ao corpo. Com os resultados das atuais pesquisas, perde-se essa primazia, pois agora sabe-se ser a mente humana a grande beneficiária da regular e contínua atividade corporal.
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