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Mestres da Medicina
17.11.2005
O Rio Grande do Norte comemora, justificadamente, meio século de funcionamento do curso de Medicina da UFRN. São quase quatro mil médicos diplomados na Instituição, desenvolvendo suas atividades pelo Brasil afora, especialmente em nosso Estado. Antes, os que queriam se dedicar a essa profissão tinham de estudar em outras cidades, o que restringia a possibilidade a poucos privilegiados. Os benefícios trazidos pela instalação da Faculdade de Medicina de Natal, hoje Curso Médico da UFRN, são tão evidentes que se torna desnecessário alongar em considerações.
Somos partícipes dos tempos árduos vividos pela novel Faculdade, criada em 1955 por
Onofre Lopes, com adesão incondicional da comunidade e, especialmente, dos médicos por ele convocados para integrarem a classe dos professores fundadores. Estávamos entre os vinte calouros da 5ª turma da Faculdade, que iniciou o curso em 1960 e concluiu em 1965. Portanto, somos beneficiários dessa instituição educacional que, ao comemorar o jubileu de ouro, vê perpetuar-se no tempo, como memória inapagável, os exemplos de amor à missão de ensinar medicina dos professores pioneiros. Superaram-se esses mestres, no afã de instalarem em nossa terra uma escola da arte e da ciência de Hipócrates. Superaram-se, pois as dificuldades não eram poucas, além de que seus mestrados e doutorados eles os fizeram no dia-a-dia dos hospitais, das clínicas, dos consultórios ou dos laboratórios e bibliotecas, tendo de reavivar o interesse pelo estudo e pela atualização, atitude inerente à própria formação profissional. Os êxitos logo surgiram, porquanto os primeiros médicos graduados em Natal, em dezembro de 1961, revelaram-se competentes, éticos e prontos para empreenderem jornadas posteriores de crescimento técnico-científico.
A Faculdade de Medicina de Natal, sonho de Januário Cicco, obra de Onofre Lopes e realização de alguns heróis médicos-professores, além de outros colaboradores, se projeta no tempo como um marco do bem, criado por poucos para o bem de muitos. Hoje, revigora-se o reconhecimento àqueles primeiros professores que propiciaram a jovens norte-rio-grandenses a concretização de sonhos, bem assim, garantiram reais benefícios à população pela presença de bons médicos para atendê-la. Esse sentimento de gratidão e de homenagem é unânime, tornando-se especial e afetivo entre os que vivenciaram o alvorecer da Instituição. Na impossibilidade de relacionar todos, permitimo-nos lembrar, nesta evocação de um passado que parece presente pelo resgate de emoções, dos dois primeiros mestres que nos receberam na Faculdade: Sebastião Monte e Hiran Diogo Fernandes. Dr. Monte, Professor de Histologia e Embriologia, de uma família repleta de grandes nomes na medicina e no sacerdócio, com aquele jeito característico de cientista e fulgurante inteligência. Dr. Hiran, Professor de Anatomia, discípulo de Luigi Olivieri e de Liberato Di Dio, brilhante no desempenho da função, mestre de gerações, transformava a frieza da disciplina em ensino fascinante, abrindo as portas para os estudos posteriores da medicina. Nas pessoas desses dois admiráveis médicos e professores, homenageamos todos os mestres pioneiros da então Faculdade de Medicina de Natal, no ano do seu cinqüentenário.
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