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Nabokov: 120 anos

Em abril de 1899, ou seja, há 120 anos, em São Petersburgo, Rússia, nasceu Wladimir Nabokov. De origem aristocrata, desfrutou de uma infância de luxo e riquezas, no conforto de uma mansão em São Petersburgo e na modelar fazenda Vyra, quando despertou sua grande paixão pela pesquisa de borboletas. Vladimir e os irmãos contaram com tutores nativos no ensino do francês e do inglês, os quais também davam aulas de literatura própria de seus países de nascença. No tocante à literatura russa, V. Nabokov, nesse tempo, conheceu obras de Gógol, Pushkin e Turguêniev, bem como um pouco de Tolstói e Dostoiévski. Assim, desde tenra idade, recebeu vasta formação intelectual, além de se tornar fluente em três idiomas:  russo, francês e inglês.

Após a Revolução Bolchevique de outubro de 1917, a família teve de fugir para a Crimeia, e, em 1919, exiliou-se na Inglaterra, tempo em que Nabokov se matriculou no Trinity College, em Cambridge. Em 1922, depois de concluir os estudos no College, mudou-se para Berlim, cidade na qual sua família se fixara. Nessa fase, começou sua brilhante jornada de escritor, e, para completar sua renda, teve de dar aulas de inglês e de tênis, esporte que muito praticou, desde criança. Uma tradução ajudou-o a descobrir o caminho da fama, ao passar para o russo a obra “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carrol. Residiu em Berlim por 15 anos, e foi lá que ele encontrou Véra Slonim (1902-1991), mulher russo-judaica, com quem se casou, em 1925. Do casal nasceu um único filho, Dmitri Nabokov (1934-2012), que veio a ser tradutor e cantor de ópera. Os dois, a esposa e o filho, foram o leitmotiv do homem e do escritor Vladimir Nabokov.

Após viverem três anos em Paris, devido à ascensão e ameaças do Nazismo, o escritor, a mulher e o filho mudaram-se para os Estados Unidos, em 1940. O novo exílio, o novo recomeço, outro idioma, fizeram surgir nova identidade do escritor, além de aflorar a autotradução.  Certa vez, Nabokov definiu:  “Minha cabeça fala em inglês, meu coração em russo, meu ouvido em francês”. Desde então, passou a produzir exclusivamente na língua inglesa. Houve, contudo, uma exceção:  continuou a escrever poemas em russo e a autotraduzir para o inglês, pois a poesia era o seu vínculo, que ele nunca perdeu, de criação e de afeto com a língua russa.

A rigor, não sou um nabokoviano, mas admiro a vida e a obra de Vladimir Nabokov. Já li alguns dos seus livros, a exemplo de Lolita, o mais famoso, mas o texto que mais me fascina é a sua autobiografia, “Fala, memória”. Também destaco “O Dom”, em cujo prefácio Nabokov confessa que esta seria sua última obra na língua russa; e o livrão Contos Reunidos, no qual estão 52 contos, em 827 páginas, prefácio de Dmitri Nabokov. Em Lições de Literatura, livro que reúne aulas sobre sete magistrais autores europeus – VN foi professor de literatura no Wellesley College e na Universidade Cornell –, ele deixa uma mensagem final aos alunos: “Tentei ensiná-los a ler livros pelo prazer de conhecer suas formas, suas visões, sua arte. Busquei ensiná-los a sentir o calafrio da satisfação artística”. Vladimir Nabokov, notável escritor trilíngue, professor, tradutor, enxadrista, tenista, especialista em borboletas, goleiro de futebol, faleceu aos 78 anos, no dia 02 de julho de 1977, em Montreux, Suíça, onde, desde 1961, morava com a sua querida Véra.


Daladier Pessoa Cunha Lima

Reitor do UNI-RN

Publicado na edição desta quinta-feira (08/08/2019) do jornal Tribuna do Norte



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