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O carisma de Lula
09.04.2009
A revista Newsweek, edição de 30 de março de 2009, traz na capa a foto do Presidente Lula, com a frase ao lado: “Temos de ser ousados”. Ele foi entrevistado por Fareed Zakaria, editor da Newsweek, um dos mais famosos analistas econômicos da atualidade. A ênfase que a mídia mundial – inclusive essa matéria de capa de uma revista internacional – tem dado ao Presidente Lula nos recentes dias revela o quanto o brasileiro, ex-torneiro mecânico, tem conseguido projetar o seu país no exterior.
Três recentes eventos favoreceram a presença do Brasil na ordem do dia da mídia: o encontro do Presidente brasileiro com o Presidente americano na Casa Branca, a visita ao nosso país do Primeiro Ministro inglês, Gordon Brown, e a reunião das vinte maiores economias do mundo – G20 –, em Londres. Os três eventos envolveram os maiores líderes do planeta, e o Brasil, tendo à frente o seu Presidente, apresentou-se de forma altiva, como é a própria nação, mas também de forma cordial, como é o próprio povo. É patente o carisma de Luís Inácio Lula da Silva, sua plural inteligência e seu poder de atrair simpatia. Não é à toa todo esse alto índice de aprovação nacional, agora em expansão para além das fronteiras verde-amarelas. Do mesmo modo que sabe transitar muito bem no tumulto da política interna, sabe se posicionar em lugar estratégico e de maneira simpática nas lides internacionais. Nessa área, há quem o veja sempre em cima do muro. Porém, há os que preferem vê-lo como um líder não radical, muito útil para vencer antagonismos profundos, em prol de um clima de paz mundial. O jornalista Clóvis Rossi, em recente análise, disse que Hugo Chávez não é convidado para os salões que Lula frequenta, “mas Lula é convidado para os salões que Chávez frequenta porque não tem preconceitos ideológicos. Nem cria caso”.
Mantém sempre aquele jeitão de pessoa simples e nunca perde a magia da comunicação com o povo, em qualquer lugar ou situação em que esteja. Fala a linguagem que todos entendem e, o mais importante, que a maioria quer ouvir. Esse discurso popular, muitas vezes com metáforas, repercute e fica gravado nas mentes dos ouvintes ou dos leitores, seja a gente comum, sejam os detentores do poder. Vejam suas palavras sobre a origem da atual crise financeira global, quando afirmou que os responsáveis eram os indivíduos louros de olhos azuis, em clara alusão aos países ricos. Foi um Deus nos acuda! Disseram que havia sido uma tremenda gafe, ou uma expressão racista, enfim, houve reação de diversos setores. Ao final das contas, os bancos e os banqueiros, ou outros centros econômico-financeiros mundiais, que não souberam gerir bem seus negócios, tiveram de aceitar a verdade, e a frase passou a ser uma das mais emblemáticas de reunião do G-20.
A verdade é que o Brasil teve realce na reunião de cúpula das vinte principais economias do planeta, realizada, há poucos dias, na capital inglesa. Esse realce não se mede pela foto oficial, com Lula ao lado da rainha Elizabeth II, ou pela adesão de Obama à linguagem informal do Presidente brasileiro, tratando-o de maneira afetuosa e vendo-o como o político mais popular da terra. O Brasil “não é nem vira-lata nem rottweiler”, como assinalou Clóvis Rossi, reportando-se ao famoso complexo de vira-lata de que falava Nelson Rodrigues. O realce do Brasil se deveu ao respeito conferido às propostas apresentadas, bem assim pela boa imagem do país perante a crise que abala o mundo. E o carisma de Lula ajudou? Ajudou muito. Se é o político mais popular da terra, como falou Obama, não sei, mas uma certeza merece ser dita: Luís Inácio Lula da Silva pode hoje concorrer ao posto de maior líder popular do Brasil, em todos os tempos.
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