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O charuto de Churchill
22.10.2010
Há alguns meses, li uma nota sobre a reação dos londrinos à Lei "antismoking",de 2007, que proíbe fumar em local de trabalho, restaurantes, pubs, bares e até em áreas públicas.Londres tem a primazia de ser a cidade ideal para os aficcionados dos charutos, por suas lojas tradicionais do ramo, pelo detalhes do ritual dessa prática tabagista, e, sobretudo, pela figura de Winston Churchill, cuja imagem não se separa desse produto feito do tabaco.
O turimo puxado pelo hábito de fumar charuto precisava ser mantido, até mesmo em honra ao famoso líder dos aliados na guerra Hitler. Parra sossego dos vidrados nesse costume, surgiram as COSAS - Comfortable Outdoor Smoking Area -, as quais se localizam em lojas, hotéis, restaurantes, e onde a fumaça rápido se esvai. Com isso, a tradição e o turismo desse refinado uso voltaram ao cotidiano de londres.
Pouco depois de ler essa nota da Newsweek, soube do lançamento no Brasil do livro "O charuto de Churchill-Um caso de amor na paz e na guerra" (2010), do escrito Stephen McGinty. Comprei e li o livro, não que seja fumante de charutos, ou mesmo mínimo conhecedor das nuances que envolvem esse lazer, mas por curiosidade sobre a vida do grande lider inglês.
Pesquisa acurada, o livro é uma biografia resumida do Churchill, focada na sua contradição de fumante radical. Winston Churchill entrou na loja Robert Lewis, pela primeira vez, quando tinha 25 anos, em 9 de agosto de 1900, relação de afeto e de negócio que perdurou até sua morte, em 1965. Naquele dia, ele comprou cinquenta Bock Giraldas e, para sua mãe, Lady Churchill, uma caixa de cem cigarros Balkan.
A loja Robert Lewis, tabacaria de luxo, localizava-se na St.Jame's Street, ainda hoje uma rua ligada ao comércio do tabaco. Antes disso, Churchill tinha vivido em Cuba por alguns anos, como correspondente na guerra Cupa-Espanha, quando conhecer e se tornou fã dos charutos Romeo y Julieta.
O ano de 1900 registrou não somente a primeira compra na Robert Lewis, mas também a primeira eleição de Winston Churchill, eleito à constituinte pelo Partido Conservador. "Foi doce o charuto que fumou depois que soube da vitória. Ele adentrava então as salas enfumadaças da política e do poder".
Em 1946, Churchill voltou a Cuba, ao lado da mulher Clementine e da filha Sarah. Visita de cortesia, é fácil de se entender que o tema charutos dominou as demarches e as conversas. Consta uma presença sua na fábrica Romeo y Juliete que, após o fato, passou a produzir charutos grandes, chamados "Churchill". Alguns relatos são fantasiosos, a exemplo da afirmação feita por Gregorio Fuentes, pescado cubano e capitão do Pilar-barco de E. Hemingway que serviu de alento para a obra "O velho e o mar" -,referente a uma competição entre o escritor americano e Churchill, para ver quem fumava mais charutos. Nenhuma verdade nisso, pois Hemingway estava na Europa, durante a estada do ex-primeiro-ministro na ilha.
O livro é rico de fatos e de lances da vida do fumante Winston Churchill, além de abordar a origem e a evolução dos charutos; dos muitos presentes com as marvas preferidas que Winston recebeu, dos amigos que o supriram dos Romeo y Julieta e dos Cohiba, do obelisco The Big Cigar, na Austrália, com quatro metros de altura, dos altos valores de compra de objetos que lhe pertenceram, inclusive uma guimba vendida por 2.270 libras.
O autor cita Sigmund Freud, fumante inveterado de charutos, criticado porque fumava um símbolo fálico. Freud replicou: "Às vezes, um charuto é apenas um charuto". Eis um bom livro, pleno de informações, escrito com clareza e humor. O homem que sorria e fazia com as mãos o V da vitória, no maior conflito mundial, escreveu:"Esses charutos maravilhosos me confortaram no meu longo caminho de guerra".
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