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Peço a Deus que não ocorra com a telemedicina o mesmo que ocorre com o ensino a distância, ou seja, as mais absurdas distorções no uso das novas tecnologias, em função e em proveito de claros interesses econômicos. Aliás, a exemplo da sigla EaD – educação a distância – é provável que logo surja a sigla MaD – medicina a distância. As duas áreas, a saúde e a educação, são as mais significativas para garantir o bem-estar social de um povo, sob o ponto de vista pessoal e coletivo, ao lado de outras demandas, como segurança e moradia. Assim sendo, cabe à população, ao poder público, aos conselhos de classe, enfim, a toda a sociedade a missão de preservar os interesses comuns, no sentido de não permitir que explorem a boa fé e os legítimos sonhos das pessoas, como no caso dos que anseiam por ingressar em um curso superior.
Apesar dos pesares, vejo amplas nuances a favor do ensino a distância, desde que mantidas as premissas do uso adequado, correto e pertinente. Em um país tão extenso como é o Brasil, com uma renda per capita tão baixa, é natural que a EaD tenha ampla aceitação, como ótima maneira de expandir a oferta de educação, em qualquer nível, com a paralela redução de custos. Ganha o país e ganham as pessoas que pretendem ampliar os estudos, com ênfase aos jovens que pretendem ingressar em um curso superior. Porém, é inaceitável o uso distorcido tão comum no setor, a exemplo da oferta de cursos de graduação, totalmente a distância, na área da saúde, os quais exigem uma alta carga horária prática, sob a supervisão de um professor. O único lado bom é que os custos caem de forma radical, e o valor da mensalidade cabe no bolso da maioria da população de baixa renda.
Não precisa ser um especialista para entender os equívocos que existem nessa área, no âmbito do sistema educacional do país. É de se perguntar: isso é ético? Isso é honesto? É possível que essa prática venha a se transformar em uma fábrica de frustrações, na qual o legítimo sonho das pessoas de obterem um diploma de curso superior e a consequente ascensão social, além das vantagens na carreira, fiquem apenas no âmbito das ilusões. Deve haver alguém que diga: “Em termos de ganho cognitivo é pouco, mas é melhor do que nada”. Em parte, até concordo, mas não me conformo em ver esse quadro confuso em que se encontra a educação superior do país, no que pertine ao ensino a distância.
E a telemedicina? É avanço ou é atraso? Entendo que as novas tecnologias devem ser usadas em todas as áreas do conhecimento, desde que estejam a serviço da melhoria de vida dos seres humanos. Se é assim na área da educação – no caso do uso correto da EaD –, por que não deve ser na área da saúde? Lembro-me de uma história que me contou um velho amigo, fã da diversão com rádio-amador, que usou esse hobby para ajudar uma pessoa doente, a qual foi salva pela ação de um médico que estava distante cerca de 2 mil quilômetros. Confio na ação do Conselho Federal de Medicina, que deverá se cercar de todos os cuidados para evitar distorções na prática da telemedicina. Ademais, tomem-se as devidas precauções para que essa prática não induza ao menosprezo à sempre essencial relação médico/paciente.
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
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