O franco e frequente sorriso - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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O franco e frequente sorriso
01.10.2012

Noilde Ramalho faleceu em 25 de dezembro de 2010, depois de viver nove décadas, tempo mais do que bastante para definir o franco e frequente sorriso como a marca nítida do seu semblante. Entre as honras que foram prestadas a sua memória pela Liga de Ensino do Rio Grande do Norte, ressalta-se o busto instalado nos jardins da Instituição – ED, HC, UNI-RN –, obra do artista plástico Eri Medeiros. Um dilema evidente surgiu, na fase de confecção do busto, quanto ao perfil de Noilde Ramalho a ser fixado no bronze. A opção adotada foi pela recomendação técnica a favor de um perfil mais sério, mesmo que isso fosse motivo de frustração para alguns, que queriam sempre vê-la com amplo sorriso, seu traço fisionômico característico, espelho da sua alma.

Gostava muito de viajar e de celebrar o dia do aniversário – 19 de julho – em viagens com grupo de amigos. A última celebração do tipo, no destino da Terra Santa, foi em 2010, portanto, cinco meses antes do seu encantamento. Onde ela estivesse, nas datas dos seus aniversários, eu sempre mandava-lhe uma mensagem de afeto e de parabéns. Hoje, transmudo as mensagens de parabéns para uma reflexão sobre seus exemplos, e inclino-me a recordar o lado lúdico e alegre da sua vida, a exemplo da montaria no camelo, conforme agora relembro. Com quase 80 anos, estava ela em visita ao Egito, quando se deparou com o desafio de montar em um camelo: "Por que não? Nasci e me criei no interior e montei muitas vezes em outro animal também de quatro patas". Uma foto mostra Noilde Ramalho montada no camelo, o sorriso aberto, solto, alegria plena. No rodapé da foto, seu dileto amigo padre José Mário, atento ao jeitão do animal, escreveu: "A imponência do camelo e o desejo de se comunicar estão quase a nos dizer que ele tem consciência da 'carga' que transporta". Ela adorava essa foto e esse momento vivido na terra dos faraós.

Algumas das passagens no dia a dia e ao longo do tempo, na Escola Doméstica, são hilárias, guardadas nas lembranças dos que conviveram com a notável educadora Noilde Ramalho. Ela muito se divertia com essas recordações, como a que ocorreu durante a visita do papa João Paulo II a Natal, em 1991, quando a ED hospedou vários padres e bispos vindos de outras cidades. Noilde Ramalho, no afã de melhor receber tão ilustres hóspedes, determinou que cada professora fosse responsável por um padre ou bispo, enquanto eles estivessem em Natal, porém, com o seguinte cuidado: para os hóspedes mais moços, foram escaladas as professoras mais velhas, de preferência as bem casadas; para os mais velhos, foram designadas as professoras mais novas e solteiras. A estratégia da diretora da ED virou diversão, até mesmo para ela.

Seu bom humor só não era maior do que seu bom amor à educação. Vejam o relato que me fez minha filha Romeica, integrante do grupo de amigos/amigas na viagem de navio na qual Noilde Ramalho veio a falecer. Romeica já havia comprado uma cabine tripla, para ela e os dois filhos, quando o marido, Marcelo Rosado, resolveu também viajar. Ao tentar comprar o bilhete, foi informado de que não podia, pois na cabine já estariam três pessoas, mas havia a chance de comprar no camarote no qual viajariam Noilde e Margarida Cabral, amigas de priscas eras. Romeica procurou Noilde para saber se teria a permissão para, só formalmente, fazer a compra sob o número da cabine das duas passageiras. Rápido, veio a resposta: "Claro Romeica, pode sim. O perigo é você perder Marcelo para mim ou para Margarida". Poucos dias depois do 92º aniversário de nascimento de Noilde Ramalho, recordo-a com emoção; porém, recordo-a com seu típico semblante alegre, expressão franca de quem era feliz e de quem sabia rir e sorrir de verdade.


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