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Acompanho a criação e as mudanças dos leitores digitais – e-readers –, desde quando surgiram os primeiros modelos kindle, cerca de 10 anos atrás. Depois de saber da novidade, por meio de matéria da revista Time, pesquisei e escrevi um texto sobre o assunto e publiquei nesta Tribuna do Norte. À época, a minha opinião era de que, a partir daí, o livro de papel iria enfrentar forte ameaça. A atenção que dediquei à evolução dos leitores digitais não ocorreu pelo interesse pessoal por tais “gadjets”, mas, ao contrário, decorreu por minha total adesão ao livro impresso. Cheguei mesmo a pensar que as obras gráficas presentes nas estantes de lojas e de bibliotecas, além dos acervos particulares, estariam em contínua e crescente fase de extinção, sufocadas pela forte onda dos meios eletrônicos. Porém, até hoje, o tempo tem mostrado que não é bem assim, o reinado do livro físico mantém-se firme, apesar do alto prestígio de outras formas de escrita e de leitura nascidas com o avanço das tecnologias.
O próprio Jeff Bezos, fundador da Amazon, empresa mãe do Kindle, quando lançou esse tipo de leitor digital – há uma década – afirmou: “O livro é uma forma tão evoluída e tão apropriada à sua tarefa que é muito difícil de substituí-lo”. No entanto, depois de reconhecer a primazia do livro em papel, Bezos – diga-se a Amazon – passou a oferecer livros eletrônicos por valores bem mais baixos, o que afetou as grandes editoras e as maiores livrarias do mundo, a exemplo da Barnes & Noble, dos Estados Unidos. Em dias recentes, após se tornar evidente que leitores, em quase todo o mundo, tinham como primeira opção o livro físico, a Amazon e as grandes editoras tomaram a decisão de baixar os preços, a fim de torná-los mais acessíveis aos bolsos dos consumidores. Com isso, em 2016, somente nos Estados Unidos, a Amazon vendeu 35 milhões de livros em papel a mais do que em 2015. A própria livraria Barnes & Noble – algumas vezes visitei essa bela livraria em Nova York – já trabalha com menor sufoco. “A verdade é que as pessoas gostam de livros em papel, se não forem punidas financeiramente por isso”, disse Mike Shatzkin, da Consultoria Idea Logical, em matéria do Financial Times, publicada na Folha.
Essa situação atual é uma surpresa, com a Amazon a preferir e a pôr em primeiro lugar a venda dos livros em papel. Ressalte-se que a tecnologia digital não impactou o mercado de livros tanto quanto o fez no tocante à TV e à música. E o fato de a Amazon recuar em relação ao e-book e baixar o preço do livro físico não se deve a um gesto de bondade de Bezos, porém, penso eu, se deve à constatação de que as pessoas, ao redor do mundo, ainda mostram sua predileção pelas obras escritas que prescindem de uma tela para a leitura.
Não restam dúvidas de que a era digital veio para ficar. Hoje, boas bibliotecas, principalmente as acadêmicas, precisam dispor de acervos físicos e digitais. Com o uso da rede mundial da internet, o conhecimento avança rápido, se expande e se democratiza, mas é importante se constatar que o e-book não destruiu o livro impresso, como chegou-se a pensar. De grande valia é o uso amplo dos arranjos digitais a favor do bem-estar da humanidade, mantida a premissa do incentivo à boa escrita e à leitura, seja por qual meio for.
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
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