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Há décadas, durante o apogeu econômico da produção do café, falava-se que o estado de São Paulo era a locomotiva do Brasil, expressão hoje não mais usada, por vários motivos. Porém, a cidade de São Paulo, além de ser a mais populosa urbe do país, também lidera no comércio, na indústria, nos diversos níveis de ensino, na pesquisa, na cultura, enfim, é o centro onde se concentra boa parte das forças vivas da nação.
Em face de compromissos pessoais, tenho feito viagens mais frequentes à cidade de São Paulo. Nas horas vagas, aproveito para visitar alguns lugares do meu interesse, a exemplo dos museus. Entre outros, visitei o Museu da Língua Portuguesa, o do Brinquedo, o Catavento Cultural, o Museu do Futebol, o Museu Histórico Prof. Carlos da Silva Lacaz. Este último é o principal centro historiográfico da América Latina na área médica, localizado no antigo e bonito prédio da Faculdade de Medicina da USP. Médico, pesquisador, humanista e escritor, o Professor Carlos da Silva Lacaz (1915-2002), fundador desse museu, é uma das figuras humanas mais admiráveis que conheci. Aos que se interessam pela história da medicina, a visita a este museu é de enorme proveito. Na mais recente viagem, poucos dias atrás, fui rever o MASP, para deleite dos olhos e da alma, pois já estava tênue a lembrança das imagens guardadas nos desvãos do tempo.
O MASP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, inaugurado em 1947, um ícone da cidade de São Paulo, talvez seu principal cartão-postal, é a maior e melhor galeria de arte do hemisfério sul. Ao percorrer suas alas, vendo-se as obras expostas, tem-se a impressão de estar dentro das notáveis galerias da Europa e dos Estados Unidos. No início, foi instalado em um andar do edifício Guinle, na rua Sete de Abril, porém, em face da rápida expansão, em 1968, passou a ocupar o atual prédio, um trabalho arquitetônico de Lina Bo Bardi, situado na Av. Paulista, outro símbolo da cidade. No momento da visita, notei um pouco de descaso na manutenção externa do icônico prédio, de linhas belas e ousadas. No térreo, já se sente o impacto do vão livre de 8,5 m de altura e 74 m de comprimento, um dos maiores do mundo.
O MASP nasceu da força criativa e impetuosa de um homem nascido no Nordeste: Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo (1892-1968). Tudo começou quando o poderoso e inquieto paraibano Assis Chateaubriand, dono da maior rede de jornais, rádios e televisão do Brasil, os Diários Associados, membro da Academia Brasileira de Letras, conheceu o marchand italiano Pietro Maria Bardi, durante uma exposição de arte no Rio de Janeiro. Não demorou para Chateaubriand convidar Pietro para ajudá-lo na criação de uma galeria de arte que fosse tão boa quanto as melhores do planeta. A dupla passou a percorrer a Europa na busca de obras de grandes artistas, tais como Renoir, Monet, Manet, Matisse, Toulouse-Lantrec, Van Gogh, Delacroix, Picasso, Modigliani, autores de obras-primas, para comprar com recursos do próprio Chatô, ou de doações. Hoje, o MASP dispõe de um rico acervo, desses e de outros artistas famosos, do Brasil e do exterior, com destaque para a coleção francesa. É só visitar e se deleitar.
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